Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025

Saúde

Publicada em 19/05/23 às 20:09h - 19 visualizações
Especialista aponta riscos da maconha sintética causadora do \"efeito zumbi\"
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divulgação  (Foto: Reprodução/Internacional Police Association)

Especialista aponta riscos da maconha sintética causadora do "efeito zumbi"

Segundo a Polícia Civil, uma "pequena quantidade da possível droga" foi apreendida em Salvador, em março deste ano

A maconha sintética, também conhecida como "K9" ou "spice", tem se popularizado em algumas regiões do Brasil, como é o caso de São Paulo. Com relatos de usuários sobre um "efeito zumbi", além de episódios de agressividade, a droga teve sua venda proibida pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), por causa do prejuízo causado ao tráfico pelos efeitos extensos aos usuários.

Na Bahia, embora não haja relatos de episódios envolvendo usuários sob os efeitos da droga, a circulação da K9 já pode ter sido percebida pelas forças de segurança do estado. Ao Portal M!, a Polícia Civil da Bahia confirmou que apreendeu, em março deste ano, uma "pequena quantidade da possível droga", que está em análise no Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Segundo o órgão, o episódio aconteceu em Salvador, durante uma operação do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), e foi o único registro de apreensão da droga na Bahia.

Malefícios aos usuários

Em vídeos que circulam na internet, é possível observar alguns dos efeitos da droga nos usuários. Segundo o psiquiatra Kayo Barboza, que atua na clínica Holiste, os principais malefícios envolvem tanto alterações mentais, como comportamentais.

"Temos a alteração do nível de consciência, alucinações, ansiedade e agressividade, como também alteração nos sistemas orgânicos podendo causar aumento da frequência cardíaca, alteração da pressão, arritmia, convulsão e mesmo a morte", explicou ao Portal M!.

O especialista apontou ainda, que o uso da substância pode causar danos permanentes no usuário. "Apesar de ainda serem novas as pesquisas que estudam os danos causados por essa droga, a sua alta afinidade com o receptor, faz com que ela tem grande potencial de causar danos neurológicos permanentes por hiperestimulação de neurotransmissores. Além disso, as alterações fisiológicas citadas anteriormente podem levar a quadros clínicos graves como insuficiência renal".

De acordo com o psiquiatra, o crescimento na utilização da droga pode ser encarado de duas maneiras. A primeira, é a tentativa dos usuários em buscar algum "alívio" para uma eventual angústia".

"Há duas perspectivas que justificam o aumento do consumo: a primeira delas é o que em parte explica o abuso de substâncias e não apenas da "maconha sintética" que é o reflexo de um adoecimento psíquico, seja ansiedade, depressão ou transtorno de personalidade que encontram na substância algum alívio ou acalento para a angústia vivida".

O especialista ressaltou ainda, que outro olhar dá conta dos "entraves relacionados à regulamentação do uso da maconha". "Um outro olhar, mais social e diz que respeito a uma questão de saúde, são os entraves relacionados à regulamentação do uso da maconha, sobretudo para fins medicinais, o que faz com que seja buscado formas diferentes e sem qualquer controle, alimentando o tráfico e formas clandestinas de produção e consumo", observou.

Principais diferenças entre a maconha sintética e a "natural"

O psiquiatra também explicou sobre as diferenças entre a "K9" e a maconha "natural". Segundo ele, a principal diferença se dá por conta da intensidade de ligação com o receptor canabinoide que provoca efeitos psíquicos mais intensos do que a maconha natural.

"Também promove alterações fisiológicas que podem aumentam o risco de desfechos graves, como convulsão, infarto e morte. Essa característica relacionada a alta afinidade com o receptor da 'maconha sintética', é o que torna possível uma overdose com a 'maconha sintética' ao contrário da maconha 'original', por exemplo", contou.

Nome deve ser desencorajado

Por fim, o especialista defendeu que o uso do nome "maconha sintética" deve ser desencorajado, pois faz pensar que a Cannabis Sativa possa gerar riscos semelhantes ao da "K9", o que não é verdade. "As drogas 'K' como também são conhecidas, são sintetizadas em laboratório através da modificação de ligações químicas das moléculas presentes na planta canais sativa.

Não se trata de isolar uma molécula presente na planta, mas de criar uma molécula nova a partir de uma estrutura existente. O nome mais adequado seria 'Droga K, K2, Spice' ou mesmo 'design-drug' (termo que faz menção a sua síntese em laboratório)", ressaltou.  



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