divulgação (Foto: Reprodução/Internacional Police Association)
Especialista aponta riscos da maconha sintética causadora do
"efeito zumbi"
Segundo a Polícia Civil, uma "pequena
quantidade da possível droga" foi apreendida em Salvador, em março deste
ano
A maconha sintética, também conhecida como "K9" ou
"spice", tem se popularizado em algumas regiões do Brasil, como é o
caso de São Paulo. Com relatos de usuários sobre um "efeito zumbi",
além de episódios de agressividade, a droga teve sua venda proibida pelo
Primeiro Comando da Capital (PCC), por causa do prejuízo causado ao tráfico
pelos efeitos extensos aos usuários.
Na Bahia, embora não haja relatos de episódios envolvendo usuários sob
os efeitos da droga, a circulação da K9 já pode ter sido percebida pelas forças
de segurança do estado. Ao Portal M!, a Polícia Civil da Bahia
confirmou que apreendeu, em março deste ano, uma "pequena quantidade da
possível droga", que está em análise no Departamento de Polícia Técnica
(DPT).
Segundo o órgão, o episódio aconteceu em Salvador, durante uma operação
do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), e foi o
único registro de apreensão da droga na Bahia.
Malefícios aos usuários
Em vídeos que circulam na internet, é possível observar alguns dos
efeitos da droga nos usuários. Segundo o psiquiatra Kayo Barboza, que atua na
clínica Holiste, os principais malefícios envolvem tanto alterações mentais,
como comportamentais.
"Temos a alteração do nível de consciência, alucinações, ansiedade
e agressividade, como também alteração nos sistemas orgânicos podendo causar
aumento da frequência cardíaca, alteração da pressão, arritmia, convulsão e mesmo
a morte", explicou ao Portal M!.
O especialista apontou ainda, que o uso da substância pode causar danos
permanentes no usuário. "Apesar de ainda serem novas as pesquisas que
estudam os danos causados por essa droga, a sua alta afinidade com o receptor,
faz com que ela tem grande potencial de causar danos neurológicos permanentes
por hiperestimulação de neurotransmissores. Além disso, as alterações
fisiológicas citadas anteriormente podem levar a quadros clínicos graves como
insuficiência renal".
De acordo com o psiquiatra, o crescimento na utilização da droga pode
ser encarado de duas maneiras. A primeira, é a tentativa dos usuários em buscar
algum "alívio" para uma eventual angústia".
"Há duas perspectivas que justificam o aumento do consumo: a primeira
delas é o que em parte explica o abuso de substâncias e não apenas da
"maconha sintética" que é o reflexo de um adoecimento psíquico, seja
ansiedade, depressão ou transtorno de personalidade que encontram na substância
algum alívio ou acalento para a angústia vivida".
O especialista ressaltou ainda, que outro olhar dá conta dos
"entraves relacionados à regulamentação do uso da maconha". "Um
outro olhar, mais social e diz que respeito a uma questão de saúde, são os
entraves relacionados à regulamentação do uso da maconha, sobretudo para fins
medicinais, o que faz com que seja buscado formas diferentes e sem qualquer
controle, alimentando o tráfico e formas clandestinas de produção e
consumo", observou.
Principais diferenças entre a maconha sintética e a "natural"
O psiquiatra também explicou sobre as diferenças entre a "K9"
e a maconha "natural". Segundo ele, a principal diferença se dá por
conta da intensidade de ligação com o receptor canabinoide que provoca efeitos
psíquicos mais intensos do que a maconha natural.
"Também promove alterações fisiológicas que podem aumentam o risco
de desfechos graves, como convulsão, infarto e morte. Essa característica
relacionada a alta afinidade com o receptor da 'maconha sintética', é o que
torna possível uma overdose com a 'maconha sintética' ao contrário da maconha
'original', por exemplo", contou.
Nome deve ser desencorajado
Por fim, o especialista defendeu que o uso do nome "maconha
sintética" deve ser desencorajado, pois faz pensar que a Cannabis Sativa
possa gerar riscos semelhantes ao da "K9", o que não é verdade.
"As drogas 'K' como também são conhecidas, são sintetizadas em laboratório
através da modificação de ligações químicas das moléculas presentes na planta
canais sativa.
Não se trata de isolar uma
molécula presente na planta, mas de criar uma molécula nova a partir de uma
estrutura existente. O nome mais adequado seria 'Droga K, K2, Spice' ou mesmo
'design-drug' (termo que faz menção a sua síntese em laboratório)",
ressaltou.