divulgação (Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom SC)
Infectologistas avaliam 'momento favorável' para liberação das máscaras
Especialistas fazem alerta para
grupos de risco, orientam sobre vacinação e pedem atenção especial para a
imunização das crianças
O governador Rui Costa (PT) vai
assinar na tarde deste segunda-feira (11) o decreto para liberar a
obrigatoriedade do uso das máscaras em ambientes fechados, sendo ainda
obrigatório o uso nas dependências de unidades de saúde. O anúncio vem logo
após o estado atingir 10% de ocupação de leitos adultos de enfermaria e 15% em
UTI adulta. Enfermaria e pediatria seguem com taxa de 60% e 73% de ocupação,
respectivamente.
Para o infectologista, Matheus Todt, do S.O.S. Vida, o momento é
considerado 'adequado' para a flexibilização das máscaras, uma vez que a curva
de vacinação cresce e de infecção da Covid-19 cai, gradativamente.
"Há mais de dois anos que a OMS já previa que reduzir aos
poucos a vigilância, o uso das máscaras. Os leitos desocupados e a vacinação em
quase 90% no estado é um cenário favorável. A gente tem visto esse cenário ao
longo dos últimos meses, então, a gente avalia que o momento de flexibilizar é
agora. Felizmente esse é o momento que nos permite abaixar as máscaras",
felicitou o Matheus Todt.
Apesar dos números de vacinação estarem altos e as taxas de
ocupação baixa, é importante sempre se lembrar que a pandemia ainda não acabou.
"Existem ainda casos ativos em todos os continentes. Então, ainda há
possibilidades de novos casos surgirem, mesmo sendo pouco provável com a
vacinação em alta. É importante lembrar que esse momento só foi possível por
conta da vacinação em massa da população", comentou. "Ainda vamos
sair pessoas usando máscaras pelas ruas e isso vai perdurar por um tempo",
acrescentou.
Infectologista Matheus Todt
Matheus explicou ao Portal
M! que do ponto de vista epidemiológico a máscara é uma
ferramenta bastante efetiva e não foi diferente no enfrentamento do covid e o
governo deve estar atento aos números nas próximas semanas. "As pessoas
vão usar por algum tempo e, mesmo que o decreto libere o uso em ambientes
fechados, ninguém pode proibir que a outra use. É uma avaliação pessoal. Sobre
os decretos, os governos têm que acompanhar se houver qualquer auteração na
taxa de circulação do vírus, é importante avaliar e retomar o uso obrigatório
da máscara", pontuou.
Atualmente, segundo o vacinômetro de Salvador, a vacinação da 1ª
dose já atingiu 97%, com 2.350.021 vacinados. A cobertura da 2ª dose segue aos
94%, com 2.138.007 imunizados, e 60% para a cobertura do reforço, com
1.188.384. Na Bahia, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), o
total de 1ª dose aplicadas atingiu o percentual de 89,94%, equivalente a
11.450.972 pessoas. Para a 2ª dose, o estado margeia os 82,81%, com 10.543.817
vacinados.
Infectologista Giovanna Orrico
O ponto de vista também é favorável para a especialista Giovanna
Orrico, que atua no Hospital Espanhol, no Couto Maia e no Hospital
Universitário Professor Edgard Santos (Clínicas). Segundo a infectologista,
apesar do momento ser compreendido como 'o mais seguro' por profissionais da
área, ela contou que recomenda à população a "gestão de crise
individual".
"Neste momento, cada pessoa deve gerir individualmente e
avaliar seu risco próprio. Pessoas com comorbidades, gestantes, idosos, que
fazem uso de medicamentos quimioterápicos ou corticóides, por exemplo, devem
avaliar ao ir em um shopping ou evento", disse.
"Se ela avaliar e não se sentir segura, se achar que o
local para onde vai é um risco para sua saúde, ela pode, sim, e deve usar a
máscara", recomendou a infectologista Giovanna Orrico, que atua no ramo a
quase 20 anos.
"Diferentemente do início, naquela época não havia vacina.
A transmissão comunitária da Covid ainda era alta então, uma pessoa que saia
sem máscara, colocava em risco a saúde coletiva. Hoje o momento é diferente.
Temos uma população de quase 90% de vacinados", pontuou. "Muita gente
vai continuar usando máscara, independente da liberação do governo",
ressaltou a especialista, ao Portal M!.
Giovanna ainda reforçou o pedido aos pais sobre a vacinação
infantil. Segundo ela, as crianças ainda são vetores de transmissão e é por
isso a importância da imunização dos menores. Na Bahia, a vacinação de crianças
de 5 a 11 anos atinge a marca de 56,87%, com 839.858 imunizados, e 15,08%, com
222.774, imunizados com a 1ª e 2ª dose, respectivamente. "Quem não tomou a
vacina ainda, é preciso se vacinar. A transmissão ainda existe, o risco dela é
menor, mas não é zero", alertou.