divulgação (Foto: Divulgação/Prefeitura de Várzea Grande)
Casos de gripe e Covid encontram SUS 'reduzido' e superlotam urgências
no Brasil
Em Pernambuco, já foram registrados
oito óbitos por Influenza em 2022
Os hospitais e as Unidades de
Pronto Atendimento (UPAs) de todo do Brasil estão enfrentando superlotação e
atendendo acima da capacidade máxima para conseguir dar conta de assistir os
pacientes com síndromes gripais.
Em meio ao apagão de dados de internações no país, a alta de
casos pegou o Sistema Único de Saúde (SUS) desprevenido após a desabilitação de
leitos e de unidades de atendimento por causa da redução dos casos de Covid
após a vacinação.
"Estamos tendo muitos idosos internados por gripe, com
pneumonia e complicando. Aqui está tudo cheio, cheio mesmo", disse a
infectologista Loures Borzacov, que atua em Porto Velho (RO).
De acordo com profissionais de saúde, o cenário gerado pelo
surto da Influenza H3N2 (cepa que não está incluída na vacina atual contra a
gripe) e pela grande circulação da variante Ômicron está causando uma demanda
similar à dos picos de Covid, com a diferença de serem casos mais leves.
"Estamos com os seguintes problemas: aumento da procura por
atendimento, aumento do número de hospitalizações e perda da força de trabalho
em função de doenças respiratórias", sintetiza o médico e professor de
pneumologia da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Martins.
"E dentro de um quadro em que muito mais pessoas são
contaminadas, o esperado é que se tenha uma incidência considerável de casos
graves", acrescentou.
Em Pernambuco, onde oito pessoas já morreram de Influenza nos
primeiros dias deste ano, o estado abriu 378 leitos para casos de síndrome
respiratória aguda grave (SRAG) em apenas 15 dias - sendo 150 de UTI. A maioria
já está ocupada.
No Ceará, a alta levou o estado não só a ampliar o número de
leitos como a voltar a reduzir a capacidade permitida em eventos públicos.
Agora, estes encontros não podem exceder 250 pessoas em locais fechados e 500
nos abertos.
Já em Salvador, a prefeitura abriu 30 novos leitos no fim do
ano, e a ocupação ultrapassou 60% e é a maior desde julho (alcançou 62% no
último dia 4).
Na Bahia já foram 1.400 casos e 35 óbitos por Influenza. Já para
a Covid-19, a prefeitura ampliou de 48 para 50 postos de saúde com oferta de
testes.
Hospitais
e UPAs cheias pelo país
Em São Paulo, houve aumento de 30% em novas internações por
Covid-19 nos hospitais públicos e privados na última semana - subiu de 425 para
552. A alta foi impulsionada pela variante Ômicron.
A situação é grave em todo o estado. Caraguatatuba, por exemplo,
bateu recorde no número de atendimentos das três UPAs: 2.279 pessoas na última
terça-feira (3).
Nos quatro primeiros dias de 2022, as UPAs realizaram uma média
de 2.066 atendimentos ao dia -três vezes maior do que há um mês. "Mais da
metade representa atendimento a pacientes com síndrome gripal", diz a
prefeitura.
No Rio, a Secretaria Municipal de Saúde aponta que, nos seis
primeiros dias do ano, houve 34% a mais de casos de Covid-19 do que em todo o
mês de dezembro (quando foram 5.407 confirmações da doença). Para janeiro, esse
número já chegou a 7.265 notificações em apenas seis dias.
No Paraná, o estado registra uma alta de 581% na média móvel de
Covid-19. No dia 4, essa média chegou a 1.057, quase sete vezes mais que em
comparação a 14 dias antes.