divulgação (Foto: Agência Saúde DF)
Médica em Salvador é denunciada por atacar vacina e perguntar se
paciente é comunista
Caso aconteceu durante consulta na última terça-feira (7), em clínica no
bairro de Brotas
Uma única consulta,
cuja finalidade era um relatório de liberação de atendimento psicológico para o
filho de seis anos, motivou o professor Márcio Ricardo Barbosa, 43 anos, a
denunciar a conduta de uma pediatra ao Planserv. Ele conta que, na
terça-feira (7), enquanto acompanhava o atendimento à criança na Clínica do
Acupe, em Brotas, sua esposa, também professora, ouviu uma série de comentários
antivacina da médica Mônica Ramos, 63.
No consultório, segundo o professor, ela afirmou que a vacina "é
perigosa, não confiável", relativizou a gravidade da Covid-19 e disse que
o imunizante é "coisa de comunista". Pior, virou-se à mãe do menino e
indagou: "Desculpa, não sei se você é comunista. Você é?", lembra
Márcio, em entrevista ao Metro1, nesta quinta-feira (9). Não
bastasse a conduta controversa, diz o professor, a pediatra contou que costuma
dar as mesmas orientações a todos os pais, e que participa de um “grupo de mais
de 40 mil médicos” contrários ao imunizante.
À reportagem, a
médica Mônica Ramos, 63, justificou que “comenta sobre várias coisas”
durante as consultas, mas não assumiu - nem negou - as informações do casal. A
profissional também se diz “pró-vida”, embora não contextualize o
termo. “Eu sou médica, não política. O que eu falo, falo com todo mundo.
Quero que provem”, limitou-se.
'Muito grave'
De prontidão, o casal levou a situação ao conhecimento do Planserv, que
registrou um protocolo. "Vamos denunciar também ao Cremeb, é
necessário", assegura Márcio. Entusiasta da vacina, o casal esteve
com a profissional nessa única oportunidade e não pretende retornar.
A mãe do menino
nada respondeu à médica, sentiu-se insegura. Pai e mãe encaram a situação como
"muito grave", pois, explica Márcio, trata-se de uma clínica
frequentada por "pessoas mais simples", que veem na figura do médico
um formador de opinião. "Imagino o quanto de pais ela não já influenciou
com essas afirmações absurdas, maluquices".
Por meio de nota, o
Planserv informou que "não estabelece vínculo contratual com
profissionais de saúde, apenas com clínicas e hospitais e seus respectivos
registros no CNPJ". O plano diz ainda que vai procurar o estabelecimento
credenciado a fim de explicações.
Por telefone, uma
representante da unidade de saúde informou que a profissional atende no
local às terças e quartas-feiras, sempre à tarde, há cerca de um ano.
Procurado, o
Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) disse que "os
pais devem apresentar denúncia na instituição para que, através de sindicância,
como previsto em norma, proceda a apuração dos fatos relatados"
"Nós somos cientistas, também. Eu faço doutorado e minha esposa é
mestre. Ficamos muito preocupados com toda essa situação". A preocupação
se dá sobretudo, justifica o professor, pela razão de que a vacina é uma
estratégia coletiva que, ao ser enfraquecida por parte dos próprios
profissionais da saúde, prejudica a todos.