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SMS descarta
surto de norovírus, mas especialistas alertam para a prevenção
Diagnóstico da infecção só é possível através de testes
laboratoriais, devido à semelhança dos seus sintomas com os de outras viroses
gastrointestinais
Salvador vivencia um aumento nos relatos de infecções por
norovírus, que causa gastroenterite aguda e vem assustando a população. A
Secretaria Municipal da Saúde (SMS) afirmou, no entanto, que não há motivo para
alarde. O órgão garante que não há surto de norovírus na cidade, mas
reforçou a necessidade de medidas preventivas simples, como a higienização das
mãos e o uso de máscaras, especialmente em períodos de baixa temperatura, que
favorecem a disseminação de vírus e bactérias.
A SMS está oferecendo atendimento nas Unidades de Pronto
Atendimento (UPAs) para casos de gastroenterite. Segundo o órgão, tem sido
observada uma queda no número de atendimentos nos últimos dias. Já a Secretaria
de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) diz que recebeu, entre abril e maio
deste ano, 97 amostras para testagem e, destas, 12 tiveram resultado positivo
para o norovírus.
A médica Ana Verena Mendes, coordenadora de Infectologia do
Hospital São Rafael/Rede D'Or, explicou ao Portal M! que o norovírus pertence
à família Caliciviridae e é um causador comum de gastroenterite aguda. Seus
sintomas incluem calafrios, febre baixa, dor abdominal e diarreia leve.
"O norovírus têm uma incidência tanto em adultos quanto em
crianças, e tem como transmissão principal as mãos contaminadas, por não [ter]
higiene adequada. Eles são transmitidos de contato a contato, de ser humano a
ser humano, e têm altíssima transmissibilidade nessa via, mesmo como paciente
já ou ainda assintomático", detalhou.
A infectologista destacou que a transmissão do norovírus ocorre
principalmente pela via orofecal. Mesmo após a melhora dos sintomas, uma pessoa
pode continuar a transmitir o vírus por até duas semanas. Por isso, ela
enfatizou a importância da higienização das mãos e dos alimentos para prevenir
a disseminação do vírus.
"É fazer higienização adequada dos alimentos com água e
hipoclorito, além da lavagem frequente das mãos com água e sabão ou álcool em
gel a 70%", pontuou.
Ana Verena aconselha ainda buscar atendimento médico em casos de
gastroenterite aguda, especialmente se houver febre, cólicas abdominais ou
muitos episódios de diarreia, que podem levar à desidratação.
A diferenciação entre infecções por norovírus e outras viroses
só pode ser feita através de exames laboratoriais, especificamente testes de fezes.
O norovírus geralmente não causa sintomas graves como diarreia intensa ou
desidratação severa, mas isso pode ocorrer em alguns casos.
"É muito importante ficar atento, porque às vezes em
crianças e idosos, nos extremos de idade, os sinais de desidratação são
indiretos, vem a alteração do nível de consciência, mais sonolência, febre,
diminuição da diurese. Em termos de tratamento, o mais importante é a
hidratação oral, o uso de antieméticos para conseguir se hidratar e medicação
para febre e cólica", finalizou.
Gúbio Soares, virologista da UFBA, informou em entrevista ao Portal M! que realizou testes em 15
amostras aleatórias e alertou para o risco elevado de infecção pelo norovírus,
destacando a transmissão através de alimentos mal lavados e mãos sujas.
"O vírus é transmitido através de alimentos mal lavados, a
mão suja, entendeu? Você viaja de ônibus, não lava a mão quando chega em casa e
tudo isso aumenta a transmissão na cidade de Salvador", ponderou.
Dicas de prevenção
As medidas listadadas abaixo são essenciais para interromper o
ciclo de transmissão e reduzir o risco de infecção pelo norovírus.
. Lavar as mãos com água e sabão ou solução
antisséptica
. Beber água tratada de embalagens lacradas ou de fonte segura
. Evitar adicionar gelo de procedência desconhecida às bebidas
. Verificar a embalagem de alimentos para garantir a integridade e
a validade
. Evitar praias consideradas impróprias para banho
. Não consumir água do mar, especialmente protegendo crianças e
idosos, que são mais vulneráveis