Divulgação (Foto: reprodução)
Leito de denúncias: famílias de pacientes relatam problemas no
atendimento e negligência no Hospital Teresa de Lisieux
Dez anos após Hospital Teresa de Lisieux ser acionado pelo MP,
familiares de pacientes voltam a denunciar problemas na unidade de saúde
Matéria
publicada originalmente no Jornal Metropole em 15 de maio de 2024
Imponente e em um local de destaque na Avenida Antonio Carlo
Magalhães, uma das mais movimentadas da cidade, o Hospital Teresa de Lisieux,
credenciado pelo plano de saúde Hapvida, volta a se tornar palco de denúncias
sobre atendimento e supostas negligências médicas. Em 2015, o Ministério
Público da Bahia (MP-BA) já havia ajuizado uma ação civil pública contra a
instituição e a operadora de seguros por falta de condições materiais,
estruturais e sanitárias adequadas à execução dos serviços oferecidos aos consumidores.
Na época, a promotora de Justiça Ana Paula Limoeiro recebeu
relatos de consumidores que apontavam ausência de fornecimento de alimentação,
de materiais e de medicamentos (inclusive analgésicos e antibióticos). Quase 10
anos depois, familiares e pacientes continuam se queixando na unidade de saúde.
Só na última semana, duas denúncias chegaram à Metropole.
Mario José dos Santos, de 77 anos, era médico aposentado e deu
entrada no Teresa de Lisieux no dia 7 de maio com distensão abdominal,
posteriormente foi diagnosticado com volvo de sigmóide (uma torção em parte do
intestino). Seus familiares alegam que a unidade, além de ter demorado para
atender as necessidades do paciente, teria realizado um procedimento de maneira
equivocada, causando uma lesão de uretra do paciente.
Segundo Suzana Santos, enfermeira e filha de Mário José, o
procedimento para descompressão do intestino do paciente só foi pedido no dia
seguinte à entrada dele no hospital e realizado 13h depois da solicitação. Ele
também teria ficado 24h sem urinar, o que exigiu a aplicação de uma sonda, que,
segundo a família, foi introduzida de forma equivocada. O Metro1 teve
acesso ao prontuário do paciente que indica que ele aguardava “em sala de
abordagem pela urologia devido a suspeita de lesão de uretra após tentativa de
sondagem vesical”.
Após passar por duas cirurgias durante o período em que estava
internado, Mário não sobreviveu. Em seu atestado de óbito, consta obstrução
intestinal e choque séptico, uma infecção que se alastra rapidamente pelo
corpo. Marcos Paulo, também filho de Mário, contou que, em reunião com a
diretoria do hospital, a equipe teria classificado o que aconteceu com o seu
pai como um “circo de horrores”. A família informou que irá acessar todos os
dispositivos legais para denunciar o caso.
Outra
família peregrinando
No mesmo dia que Mário José deu entrada no hospital, outro
ouvinte da Metropole, que preferiu não se identificar, acompanhava o pai que
precisava de atendimento na instituição. Com 60 anos, ele tinha suspeita de um
AVC (Acidente Vascular Cerebral). Às 18h, pai e filho chegaram ao local, mas às
23h o médico teria informado que a empresa responsável pelos exames de imagem
solicitados não teria enviado o laudo - começava aí a peregrinação de mais uma
família. Às 8h30 do dia seguinte, o laudo ainda não tinha sido entregue.
Após mais de 14h de espera, o paciente precisou ser transferido
para outra unidade, onde realizaria o exame. “Ele foi levado de ambulância para
Camaçari, chegando lá, a recepção informou que não havia comunicação nenhuma do
hospital Teresa de Lisieux sobre a chegada do paciente, e que ele não poderia
realizar o exame pois já tinha passado das 19h e não tinha médico. Ele voltou
para o Teresa de Lisieux sem realizar o exame”, contou o filho. O filho
detalhou ainda que o pai passou horas sem se alimentar. De acordo com ele, o
jantar havia sido solicitado às 20h e até 1h não teria chegado. O paciente
continua internado e já realizou o exame pendente.
O que
diz o Hapvida
Em contato com a assessoria do Hapvida, que também representa o
Teresa de Lisieux, o grupo se solidarizou com a família de Mário José dos
Santos e afirmou que investiga os fatos. “A operadora informa que está
investigando os fatos e que, por isso e questões de sigilo do paciente, não pode
dar detalhes do prontuário médico. A operadora segue empenhada para esclarecer
o caso”, informou. Sobre o segundo caso, o Hapvida reforçou que sempre dispõe
de alternativas para atender os seus clientes e que o idoso já realizou o
procedimento de ressonância