Divulgação (Foto: reprodução)
Fibromialgia: pacientes enfrentam
dificuldades no diagnóstico e lutam por benefícios
Doença crônica se manifesta em cerca de 2% a 12% da população
adulta no Brasil
Ainda desconhecida do grande público, a fibromialgia é uma
doença crônica que, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia, se
manifesta em cerca de 2% a 12% da população adulta no Brasil. Acomete
principalmente mulheres entre 30 e 55 anos de idade, embora, com menor
frequência, possa também ser diagnosticada em crianças, adolescentes e idosos.
O conceito de 'dor generalizada' nem sempre é bem compreendido e
ainda hoje é mal diagnosticado. O Portal M! conversou
com o médico reumatologista da Rede D'Or/Hospital São Rafael, em Salvador,
Jairo Brandão, sobre o assunto.
"Não existe uma causa especifica da doença. É como se [o
paciente de fibromialgia] tivesse uma alteração no processamento central do
estimulo doloroso. São pessoas que sofrem de dores difusas intensas, que não há
uma causa determinada e nem existem alterações laboratoriais e de exames de
imagens que justifiquem aquelas dores", explicou o especialista.
Segundo ele, além do quadro doloroso da fibromialgia, existem
situações associadas, como fadiga crônica, quadros de depressão, transtornos de
ansiedade, estresse pós-traumático e falta de qualidade no sono.
"O diagnóstico da doença é clínico, não há a necessidade de
um exame ou comprovação diagnostica dessa condição. E para o paciente, é sempre
traumático passar por vários médicos, fazer vários exames e não constatar
alterações, [ser], por vezes, tratado como uma coisa menor, mas que, na verdade,
é grande e traz muito sofrimento", completou o médico.
O tratamento para a diminuição das dores consiste em educar o
paciente no sentindo de esclarecer o que ele tem e as condições que levam
àquela situação. Medicamentos antidepressivos podem, muitas vezes, se tornar
necessários, segundo o reumatologista.
"O item fundamental é o exercício aeróbico progressivo.
Pode até parecer estranho que a pessoa com muita dor faça exercício, mas, se
ele não se movimentar, pode piorar. Caminhadas, natação, hidroginástica, ou até
exercícios em academia adequados aquele paciente", ressaltou.
A fibromialgia é mais comum nas mulheres muitas vezes por
fatores hormonais, porém não existe uma explicação especifica.
Dificuldades
de receber benefícios
Segundo o reumatolista ouvido pelo Portal M!, como a fibromialgia é mais
difícil de ser diagnosticada e comprovada por exames e laudos, os pacientes
enfrentam muitas dificuldades para conseguir benefícios do poder público.
"Isso é uma situação extremamente delicada no nosso dia a
dia. Se o paciente diz ter qualquer melhora, ele pode ser cortado da
Previdência. Além disso, na maioria das vezes ele não conseguem o benefício
[auxílio-doença]", lamenta o reumatologista Jairo Brandão.
Carteira
para Pessoas com Fibromialgia
A Prefeitura de Salvador, através da Secretaria Municipal da
Saúde (SMS), lançou a Carteira para Pessoas com Fibromialgia. O documento faz
parte do Programa Municipal de Cuidados para Pessoas com Fibromialgia (PCPF) e
visa facilitar o atendimento preferencial em diversos serviços.
A titular da SMS, Ana Paula Matos, destacou que a iniciativa
facilitará o atendimento prioritário desses pacientes "diante da
intensidade das dores invisíveis aos olhos".