Divulgação (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)
Anvisa aprova consulta pública sobre
proibição de cigarro eletrônico
Proposta foi aprovada por unanimidade pela diretoria da agência
A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) aprovou, de forma unânime, nesta sexta-feira (1º), a
iniciativa de abrir uma proposta de consulta pública para revisar a proibição
de cigarros eletrônicos no Brasil. Desde 2009, uma resolução da Anvisa proíbe a
fabricação, comercialização, importação e propaganda de dispositivos
eletrônicos para fumar, popularmente conhecidos como vape. Segundo a decisão da
Anvisa, a sociedade civil terá um prazo de 60 dias para se manifestar sobre o
tema na consulta pública.
Ao longo da reunião, transmitida ao vivo pelo canal oficial da
Anvisa no YouTube, várias manifestações foram apresentadas por meio de vídeos
enviados à agência, envolvendo representantes do setor regulado, entidades
civis e a população em geral. Mais de 60 pessoas, expressando opiniões
favoráveis e contrárias à regulamentação dos cigarros eletrônicos, foram
ouvidas pelos diretores antes de proferirem seus votos. As informações são da
Agência Brasil.
Enquanto a diretoria colegiada da Anvisa realizava sua
deliberação, um grupo de aproximadamente 20 pessoas da organização não
governamental (ONG) Direta - Diretório de Informações para a Redução de Danos
do Tabagismo defendia, diante da sede da Anvisa, a regulamentação dos cigarros
eletrônicos no Brasil. Entre os argumentos apresentados estava a ideia de que
esses dispositivos não causam os mesmos danos do tabagismo.
O grupo também ressaltou que, devido à ausência de
regulamentação, dispositivos de qualidade inferior acabam sendo comercializados
livremente no país, e há casos de pessoas fabricando líquido para cigarros
eletrônicos até mesmo em suas residências. O presidente da ONG, Alexandro
Lucian Alves Cordeiro dos Santos, mencionou revisões científicas que indicam
uma redução de danos de até 95% para aqueles que substituíram o cigarro
convencional pelo eletrônico.
Quando questionado sobre estudos divergentes que sugerem que os
dispositivos eletrônicos para fumar podem ser mais prejudiciais à saúde do que
os cigarros tradicionais, ele argumentou que a confusão ocorre porque algumas
pesquisas se concentram nos dados brutos sobre a presença de nicotina, enquanto
outras abordam o potencial de absorção da substância pelo organismo, uma
variável que difere de pessoa para pessoa.
Além disso, ele acrescentou que, como o cigarro eletrônico
começou a ser comercializado apenas em 2006 nos Estados Unidos e na Europa, não
há, até o momento, dados científicos relacionados a grupos que usaram o cigarro
eletrônico na fase adulta e chegaram à faixa etária dos 80 anos.
"Nosso
papel aqui é destacar que os cigarros eletrônicos são alternativas eficazes
para ajudar as pessoas a pararem de fumar, substituindo o tabagismo pelo
nicotismo", afirmou, ressaltando que "a nicotina não causa tanto mal
à saúde nem provoca câncer, apesar de alguns médicos afirmarem o
contrário". Ele ainda enfatizou a presença de muita desinformação e
esclareceu que a ONG Direta nunca recebeu benefícios financeiros ou parcerias
de empresas ou grupos com interesses na comercialização de dispositivos eletrônicos
para fumar.