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Busca
vasectomia apresenta crescimento na Bahia e no Brasil
Mudanças em lei proporcionaram uma busca maior pela realização
do procedimento
Segundo informações coletadas do Sistema Único de Saúde (SUS), a
busca pela vasectomia tem sido cada vez maior no Brasil. Na Bahia, os índices
também apontam para o mesmo.
Dados do SUS mostram que, em todo o país, o número de
vasectomias cresceu mais de 40,5%. Em 2009 foram 26.311 procedimentos
realizados, mas já em 2018 esse número saltou para 36.964. Em 2019, no entanto,
foram registrados mais de 49 mil procedimentos.
A vasectomia é tida como um método contraceptivo definitivo.
Durante muitos anos, a falta de informações sobre o processo e os tabus gerados
no entorno dele dificultaram a busca dos homens por esse meio de planejamento
familiar. Isso, no entanto, tem se modicado a partir da distribuição de
informações sobre o procedimento, que geralmente é realizado em ambulatório.
O crescimento no número de homens que buscam a vasectomia só
freou entre 2019 e junho de 2022, com a pandemia de Covid-19. Neste período,
menos de 14 mil procedimentos foram realizadas pelo SUS no Brasil. A crescente
voltou a ser constatada a partir do segundo semestre do ano passado.
O administrador Bruno Carahy de Oliveira Mendes, de 41 anos, foi
um dos que buscaram o método. Ele realizou a operação na Clínica Urológica da
Bahia (CUB), no bairro de Nazaré, em Salvador. Com dois filhos, o homem decidiu
que iria realizar a vasectomia e assim evitar um crescimento não planejado da
família.
"Tenho duas filhas, uma de 8 e outra de 6 anos. Após
conversas com minha esposa, concordamos que não queríamos ter mais filhos. Além
disso, o bem-estar dela motivou a realização da vasectomia, já que retirar o
DIU reduziria a carga hormonal e preservaria sua saúde", explicou.
Segundo Bruno, o procedimento durou 25 minutos e a recuperação
foi rápida. Em dois dias, o administrador já havia retomado a sua rotina de
trabalho, mas seguindo as orientações médicas.
Vasectomia é reversível?
O urologista Augusto Modesto, responsável pelo procedimento de
Bruno e sócio da CUB, explicou que, de fato, há uma procura maior pela
realização do procedimento. O cirurgião, que também coordena o Serviço de
Urologia do Hospital Aristides Maltez e preside a Sociedade Brasileira de
Urologia secção Bahia (SBU-BA), contou que a vasectomia pode ser reversível,
mas o retorno total da fertilidade não é garantido.
"Embora seja possível, a reversão da vasectomia não garante
o retorno da fertilidade masculina. Por isso, antes de tomar a decisão, os
casais devem estar seguros de que não desejam ter mais filhos. Além disso, é
importante seguir os cuidados pós-operatórios recomendados para evitar
complicações, como inchaço e dor temporária", explicou.
Como é feito o procedimento?
Pedro Gouveia, também urologista da CUB, detalhou como é feito o
procedimento: após aplicação de anestesia local, pequenas incisões na região do
escroto antecedem o corte ou bloqueio dos canais deferentes, tubos que
transportam os espermatozoides dos testículos para a uretra. "É isso que
impede a passagem dos espermatozoides para o sêmen ejaculado, tornando o homem
estéril. No final, os pontos são suturados e o paciente pode retornar para casa
no mesmo dia", contou o especialista.
Mesmo com a realização da vasectomia, os profissionais de saúde
destacam a importância da continuidade do uso de preservativo, pois o
procedimento, apesar de inibir a fertilização, não protege contra infecções
sexualmente transmissíveis (ISTs).
Quem pode fazer?
A Lei 14.443/2022 reduziu, em março do ano passado, a idade
mínima exigida para a esterilização voluntária, tanto para homens quanto para
mulheres, de 25 para 21 anos.
A nova legislação eliminou a exigência do consentimento do
cônjuge para a realização da vasectomia, proporcionando maior autonomia aos
indivíduos em suas escolhas de planejamento familiar.
Mesmo os homens com menos de 21 anos podem realizar o
procedimento se tiverem pelo menos dois filhos vivos.
A lei manteve o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da
vontade e o ato cirúrgico.
Segundo
a CUB, que já atua há cerca de 50 anos no mercado, as mudanças na lei
auxiliaram no aumento da busca pela vasectomia.