divulgação (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
Após desavenças com Lula, Lira será julgado pelo
STF e vê aliados na mira da PF
Operação realizada pela PF investiga supostos desvios com dinheiro do
FNDE; Já o julgamento do STF apura envolvimento de Lira em caso de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro
Depois
de demonstrar constantes
insatisfações com o governo do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), terá
agora que enfrentar um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) após ser
denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além disso, o
parlamentar também vê aliados na mira de uma investigação da Polícia Federal
(PF).
A operação realizada pela PF, nesta quinta-feira (1º), investiga
supostos desvios em contratos para a compra de kits de robótica com
dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), em mais de 40
municípios de Alagoas entre os anos de 2019 e 2022, que podem ter gerado
prejuízo de R$ 8,1 milhões. Durante buscas ao assessor do gabinete do
progressista, a PF encontrou pacotes
de dinheiro vivo e os investigadores relataram
"veementes indícios de ligação de Lira com um dos
investigados".
Já na quarta-feira (31), o ministro Dias Toffoli liberou para
julgamento no STF recursos da defesa do presidente da Câmara contra uma
denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva. O
julgamento do recurso estava paralisado desde 2020 por pedido de vista e será
analisado pela Primeira Turma da Corte, o que pode acontecer na terça-feira
(6), se houver sessão do colegiado.
Conforme diz a denúncia investigada pelo STF, Arthur Lira teria
aceitado, em 2012, através de um assessor, a propina de R$ 106 mil em espécie
ofertada pelo então presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU),
Francisco Colombo. O dinheiro teria sido recebido no Aeroporto de Congonhas
pelo assessor parlamentar Jaymerson José Gomes, que, segundo dizem os
investigadores, foi enviado a São Paulo pelo deputado. A quantia era
transportada nas roupas e junto ao corpo de Jaymerson e foi apreendida.
Em
fevereiro deste ano, os advogados de Lira entraram com um recurso na ação, e
apresentaram, entre os argumentos, inovações trazidas pela lei anticrime, que
não permite o recebimento de denúncia fundamentada apenas em delação de
colaboradores. A PGR, por sua vez, defendeu a rejeição da denúncia, no mês de
abril, por considerar o relato de delatores insuficiente para sustentar.