divulgação (Foto: Pedro França / Agência Senado)
Simone Tebet é
cobrada a se posicionar sobre temas polêmicos e 'descer do muro'
Ungida
por partidos de centro como a melhor alternativa para a candidatura
presidencial, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) terá agora o desafio de criar
uma marca, segundo aliados.
De
acordo com essa avaliação, a ausência de posicionamentos firmes em relação a
temas controversos é algo que precisará ser trabalhado. Ela costuma ficar em
cima do muro em algumas pautas, tentando agradar os dois lados da polarização,
o que precisará mudar daqui em diante.
Sobre a
Operação Lava Jato, por exemplo, na sabatina organizada pela Folha e pelo o
UOL, Tebet fez elogios e críticas.
"Não
fico nem a favor nem contra a questão da Lava Jato. Ela cumpriu um papel
importante, escancarou verdadeiros escândalos de corrupção, não adianta o PT
dizer que não houve", afirmou.
Por
outro lado, diz que houve "excessos do rito processual". "Não
tenho dúvida nenhuma disso. Tenho um bom relacionamento com o [ex-juiz Sergio]
Moro e quero acreditar que houve boa-fé. Mas aí tem que perguntar para ele,
para os membros do Ministério Público, do Judiciário, para ver se houve má-fé
ou boa-fé", esquivou-se.
Em
entrevista ao UOL, a senadora se posicionou contra o aborto, mas tentou fazer
um aceno às feministas ao declarar que o tema não deveria ser tabu.
"O
feminismo que eu acredito é aquele que luta pelos seus direitos, compreendendo
quem pensa diferente, e vice-versa. Aliás, essa é a grande beleza da
democracia", pontuou. Na sequência, afirmou se tratar de um assunto sério
que precisa ser debatido com seriedade, e não a cada quatro anos, em campanha
eleitoral.
Sobre
privatizações, sua posição também é dúbia. Em um esboço de plano de governo
divulgado pela CNN, Tebet se diz a favor das privatizações. Mas quando
questionada sobre a venda da Petrobras, afirma se contra.
Outro
aliado da possível coligação afirma que essa dubiedade pode ser usada como um
trunfo, pois é melhor não se posicionar do que fazê-lo de forma equivocada.
Disso dependerá ela empolgar a estrutura partidária para trabalhar a seu favor.
Os três
partidos partidos que sinalizam apoiá-la (MDB, Cidadania e PSDB) têm 17
candidatos a governador, a maioria com chances de ir ao segundo turno.
O
primeiro desafio será no seu próprio partido, o MDB. Parlamentares do Nordeste,
como o senador Renan Calheiros (MDB-AL), já declararam apoio ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto diretórios do sul têm preferência por
Jair Bolsonaro (PL).
Por
meio de sua assessoria, a senadora diz que "ficar em cima do muro não é
uma posição que a caracterize".
"Sua
atuação política tem como marca a adoção de posições claras e firmes sobre
quaisquer temas. Assuntos complexos, porém, não podem ser abordados de forma
superficial, apenas para suprir uma suposta 'necessidade de contundência'. Não
é assim que se faz a boa política. Isso seria leviano, mero populismo",
afirma.
Ainda
de acordo com a assessoria, "como cristã, ela é contra o aborto, mas
entende, como democrata, que é preciso ouvir a sociedade e debater o tema no
Congresso Nacional".
Com
relação às privatizações, ela é liberal, "mas disse não à desestatização
da Petrobras no momento em que o tema era tratado apenas como forma de conter a
interferência equivocada do governo federal na política de preços da
companhia".
Quanto
à Lava Jato, Tebet diz que reconhece méritos na operação, mas não nega que
houve excessos na sua condução.