divulgação (Foto: Reprodução YouTube)
“Infelizmente, a campanha de 2014 enxertou uma série de rótulos muito
perversos em mim”, diz Marina Silva
Ex-ministra do meio ambiente está fora da disputa presidencial e deve
concorrer a um cargo no Congresso Nacional
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva
(Rede) disse que carrega até hoje os rótulos de homofóbica e fundamentalista
evangélica aplicados contra ela durante a disputa eleitoral para a presidência
da República de 2014. Essas chagas acabam atrapalhando, atualmente, uma nova
campanha para o principal cargo da política nacional.
Em
entrevista ao Jornal da Cidade da Rádio Metrópole nesta quinta-feira (14),
Marina disse que recebeu um convite do seu partido para ocupar uma vaga no
Congresso Nacional e deve dar a resposta em breve. A ex-ministra do Meio
Ambiente fez uma análise sobre os motivos de a esquerda identitária não a
enxergar como uma representante das mulheres negras e nem dos evangélicos como
um todo não a qualificarem como a sua representante.
Marina,
que é evangélica, lembrou que, enquanto era filiada ao Partido dos
Trabalhadores (PT), nunca foi ca foi vista como fundamentalista e homofóbica.
“Enquanto eu era do Partido dos Trabalhadores, mesmo sendo a mesma pessoa que
eu sou hoje, eu nunca fui vista como sendo uma pessoa fundamentalista,
homofóbica e assim por diante. Isso surgiu em 2014 com a disputa eleitoral”,
disse.
Marina
Silva chegou a estar na frente da presidente Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas
eleitorais da campanha de 2014 e foi alvo de uma campanha agressiva de seu
antigo partido. “ Infelizmente a campanha de 2014 enxertou uma série de rótulos
muito perversos contra mim e obviamente que pago o preço até hoje”, declara.
Marina
também analisou sua receptividade no segmento evangélico. Para ela, a forma
como trata o discurso político sem fazer uma associação direta à religião, faz
com que parte do eleitorado protestante não a enxergue como uma verdadeira
crente. “Jesus Cristo não pregava absolutamente nada dessa história de você
fazer acepção de pessoas ou de qualquer tipo de coisa que não seja testemunhar
o amor dele na nossa vida, nas nossa relação com as pessoas. Então uma parte
(dos evangélicos) dizia "então você não é uma verdadeira crente". Eu
escuto isso até hoje, vejo isso até hoje nas minhas redes sociais. Obviamente
que ninguém pode julgar a fé de ninguém. O único que pode fazer isso é Deus”,
ressalta Marina.
A
ex-ministra do meio ambiente também lembrou de sua forte associação com a luta
pela preservação do meio ambiente e do fato de ser uma mulher negra com fortes
laços com as comunidades tradicionais da Amazônia.
“Eu
sou uma mulher negra, uma mulher preta, mas eu tenho uma identidade muito forte
com as comunidades tradicionais, me criei dentro da floresta amazônica. Tudo o
que eu sei, que aprendi tem a ver com os povos indígenas. E eu tenho muito
orgulho de ter esse entrelaçamento social e cultural, mas sempre presente e
lutando pelas mesmas lutas, pelas mesmas causas (do restante da militância de
esquerda). Esse é um aprendizado que a gente está fazendo”, explica.