divulgação (Foto: Reprodução / Agência Brasil)
Mantega admite
erro no governo Dilma e diz que não será ministro de Lula
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega descartou nesta segunda-feira
(31) a possibilidade de participar de um eventual governo de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT). Ele também admitiu ter cometido erros na condução da política
econômica, citando o caso da intervenção no setor elétrico para reduzir a conta
de luz, em 2012, no governo Dilma Rousseff (PT). As declarações foram dadas em
entrevista à Bloomberg.
"Não pretendo voltar. A economia tem ciclos; você fica com a parte
boa, mas se a economia não funciona, a culpa é do ministro. Fiquei no governo
por 12 anos seguidos. Já dei a minha parte", disse o ex-ministro.
Mantega foi ministro do Planejamento no primeiro governo Lula e assumiu
o Ministério da Fazenda em 2006, no final do mandato. Ocupou o cargo até
janeiro de 2015, saindo poucos meses antes do impeachment da ex-presidente
Dilma.
O ex-ministro negou que pretende elaborar um programa econômico
exclusivamente para o PT. "Lula terá muitas alianças políticas, você não
pode governar sozinho", disse. "Depois que o grupo de partidos
estiver confirmado, você vai começar a discutir um programa que tem que ser
aceito por todos, não pode ser um programa imposto pelo PT".
À Bloomberg, Mantega reconheceu alguns erros na política econômica de
Dilma, durante o período em que comandava a equipe econômica. Ele citou a
intervenção do governo no setor de energia, em 2012, para baixar a conta de
luz. Depois da intervenção, veio um tarifaço, que fez a conta de luz disparar.
"Isso [corte na conta de luz] não funcionou. As ações da Eletrobras
caíram, e você tinha muitos investidores na Eletrobras. Na verdade, acho que
cometemos um erro lá."
Para o ex-ministro, o Brasil precisará de um grande plano de
investimentos em infraestrutura para 2023, semelhante ao proposto pela gestão
Joe Biden, nos Estados Unidos, para tirar a economia da crise em meio a um
cenário internacional adverso.
Ele diz que o aumento dos juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central
dos EUA), somado à desaceleração do crescimento da China, tornará a recuperação
do Brasil mais difícil nos próximos anos. A combinação, diz Mantega, é
"potencialmente mortal para a economia".