divulgação (Foto: Anderson Riedel /PR)
Secretário do Ministério da Saúde defende hidroxicloroquina e diz que
vacina não funciona
Manifestação antivacina é assinada por secretário de Ciência e
Tecnologia (foto); diretora da Anvisa e especialistas reagem
O Ministério da Saúde contrariou entidades científicas em documento
usado para justificar a rejeição de diretrizes de tratamento da Covid-19 ao SUS
e afirma que há eficácia e segurança no uso da hidroxicloroquina contra a
Covid-19.
Na mesma nota técnica, a pasta declara que as vacinas não demonstram
essas características. Os textos arquivados contraindicavam o uso de
medicamentos do chamado kit Covid.
A manifestação antivacina foi feita em tabela dentro de documento
assinado pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Helio
Angotti, uma liderança de ala do governo defensora das bandeiras negacionistas
do presidente Jair Bolsonaro (PL).
As diretrizes rejeitadas haviam sido elaboradas por especialistas de
entidades médicas e científicas e aprovadas pela Conitec (Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no SUS).
Na mesma tabela, o ministério afirma que a hidroxicloroquina é barata,
não tem estudos "predominantemente financiados pela indústria", mas
não é recomendada por sociedades médicas. Já a vacina, segundo a pasta, é cara,
tem estudos bancados pela indústria e é recomendada por essas entidades.
Segundo a Folha de São Paulo, esse argumento reforça distorções já
levantadas pelo presidente Bolsonaro de que há interesses impróprios na
aprovação das vacinas.
A diretora da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Meiruze
de Freitas reagiu à nota da Saúde e disse à Folha que "todas as vacinas
autorizadas no Brasil passaram pelos requisitos técnicos mais elevados no campo
dos estudos clínicos randomizados (fase I, II e III) e da regulação
sanitária".