divulgação (Foto: Carolina Antunes/PR)
Bolsonaro
promove autoteste para Covid, dias após dizer que ômicron é bem-vinda
Presidente usa redes
sociais para defender o autoteste, em momento de alta de casos e alerta de
falta de exames
Após ter declarado que a variante ômicron era "bem-vinda", o presidente
Jair Bolsonaro (PL) usou suas redes sociais neste domingo (16) para promover o
autoteste para detectar a Covid-19, atualmente em análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A postagem acontece em momento de grande atenção voltada para a
pandemia, por causa da alta dos casos, dos alertas de falta de testes para
detectar a doença e também pelo início da vacinação para crianças entre 5 e 11
anos.
O presidente apresentou dados para defender o programa de testagem
do Ministério da Saúde a aproveitou para ressaltar os
benefícios do autoteste —que será vendido em farmácias. A pasta encaminhou
nesta semana para a Anvisa pedido de liberação desse tipo de teste.
"Plano Nacional de Expansão da Testagem: encaminho à Anvisa
informações do autoteste de antígeno para detecção do Covid-19. O uso do
autoteste pode garantir o início mais rápido das ações para interromper a
cadeia de transmissão", escreveu o presidente.
"O objetivo é que os testes sejam disponibilizados em redes de
farmácias/drogarias e outros estabelecimentos de saúde para pessoas com ou sem
sintomas que tenham interesse em realizar a autotestagem", completou.
Bolsonaro ainda afirmou que os testes de antígeno já são amplamente utilizados
na rede pública e aproveitou para reforçar que o governo já distribuiu mais de
381 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19.
O Brasil vem registrando uma forte alta nos casos de infecção pela Covid-19,
com a disseminação da variante ômicron. Os números ainda podem ser ainda
piores, considerando o apagão de informações no Ministério da Saúde. Pesquisa
Datafolha ainda mostrou que o número de pessoas que afirmam já terem sido
infectado pelo novo coronavírus é o dobro das estimativas oficiais.
Em paralelo, a rede privada alerta para a possível falta de testes para
detectar o coronavírus, em virtude da grande procura nos laboratórios e
farmácias, após as festas de fim de ano.
O presidente Bolsonaro, por sua vez, minimizou o impacto da variante
ômicron —como já havia feito em praticamente todas as ondas da pandemia.
"[A] ômicron, que já espalhou pelo mundo todo, como as próprias
pessoas que entendem de verdade dizem: que ela tem uma capacidade de difundir
muito grande, mas de letalidade muito pequena", disse Bolsonaro, em
entrevista ao site Gazeta Brasil, na quarta-feira (12).
"Dizem até que seria um vírus vacinal. Deveriam até... Segundo
algumas pessoas estudiosas e sérias —e não vinculadas a farmacêuticas —dizem
que a ômicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia".
Por outro lado, está aumentando a pressão sobre o governo, em particular
no Congresso. Senadores que integraram a CPI da Covid articularam a criação de
uma nova comissão para investigar o apagão de dados, a omissão na vacinação de
crianças e os ataques contra técnicos da Anvisa.