Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025

Política

Publicada em 08/01/22 às 12:03h - 43 visualizações
\"Moro só prospera se Bolsonaro morrer politicamente\", analisa Wilson Gomes
https://www.radiombfm.com.br/post/47248--moro-so-prospera-se-bolsonaro-morrer-politicamente---analisa-wilson-gomes

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divulgação  (Foto: Reprodução)

"Moro só prospera se Bolsonaro morrer politicamente", analisa Wilson Gomes

Ao Portal M!, professor da Ufba também fala sobre antibolsonarismo x antipetismo, união de Lula com Alckmin e disputa pelo Governo da Bahia

Professor titular da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Wilson Gomes conversou com o Portal M! sobre a disputa eleitoral pela Presidência da República em 2022. Entre os assuntos abordados estão o antibolsonarismo x antipetismo e a provável união política entre o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (sem partido). 

De acordo com o professor, o pré-candidato Sergio Moro (Podemos) só tem possibilidade de prosperar se o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) morrer politicamente.

"O bolsonarista ou o antipetista estava procurando uma alternativa a Bolsonaro, não uma alternativa a Lula e Bolsonaro. [...] Se Moro vai se viabilizar, não sei. [...] Agora é questão de saber se ele cresce, essa é uma coisa muito discutível", avaliou Wilson Gomes. 

"[Moro] não pode crescer para a esquerda, no centro está ocupado e tem que crescer para cima de Bolsonaro. O bolsonarismo é mais consolidado que o morismo. Bolsonaro tem um apoio resiliente que caminhou com ele e não vai caminhar para Moro", explicou.

Gomes complementa: "Vai depender de quanta besteira Bolsonaro faça, denúncias contra os filhos, coisas desse tipo. Moro só prospera se Bolsonaro politicamente morrer. Caso contrário, vai ficar ali tirando voto de Bolsonaro".

De acordo com o professor, o antibolsonarismo está mais na moda que o antipetismo.

"O antipetismo hoje dificilmente será a principal força eleitoral, como foi em 2018. Lula neutraliza muito isso, sobretudo depois das decisões do STF [Supremo Tribunal Federal] sobre Moro e sobre o julgamento de Lula, considerado injusto. Lula recupera muito o prestígio", disse.

"O antibolsnarismo é provavelmente o elemento mais comum que tem na sociedade brasileira. Por outro lado, isso reforça o bolsonarismo, como o antipetismo reforçou o petismo em 2018. Não cresce, mas fica mais compacto. O bolsonarismo fica mais compacto, mas o antibolsonarismo vai ser o dialeto comum no Brasil em 2022", justificou.

Ainda sobre a eleição presidencial no Brasil em 2022, Wilson Gomes diz que o debate anticorrupção não terá tanta força.

"Debate anticorrupção é o luxo que se dá quando as pessoas não estão passando fome, quando essa pauta não está em causa. Esse tema não sei como passou batido em 2018, já que a crise econômica se arrasta desde 2015", contou o professor. 

"Por ter o Brasil decidido que a luta anticorrupão era mais importante que educação e saúde em 2018, chegamos a esse ponto. Acho pouco provável que essa pauta se mantenha. Moro vai se tornar aquele candidato de uma pauta monotemática e regional, como foi Marina Silva com desenvolviemtno sustentável e Cristóvão Buarque com educação fundamental. São importantes, mas as pessoas sabem que não é o bastante. Não se constrói o país só com uma pauta dessa", explicou.

"A loucura brasileira de achar que a política precisa ser punida perpassou, mas de 2020 pra cá sabemos o quanto precisamos de política, e, portanto, a fome vem antes da corrupção", complementou. 

 

Lula e Alckmin juntos

Wilson Gomes explicou que a provável união de Lula com o ex-tucano Geraldo Alckmin como candidatos a presidente e a vice, respectivamente, servirá para sinalizar uma candidatura pró-democracia.

"O papel de Alckmin na candidatura de Lula não é trazer votos. Acho que serve para poder sinalizar um pouco o que seria o governo Lula, uma frente de pessoas pró-democracia, apesar das diferenças enormes da visão de mundo e perspectiva", disse. 

O professor da Ufba complementa: "Essa sinalização é importante, sobretudo para uma pessoa que não é lulista, petista, para um antipetista light, de repensar seu voto diante das alternativas do morismo e do bolsonarismo. Acho que a candidatura de Lula ganha, mas não ganha necessariamente porque vai trazer um batalhão de votos. Pode neutralizar um pouco os votos antipetistas em lugares extremamente antipetistas como São Paulo". 

 

Eleição para o Governo da Bahia

O professor Wilson Gomes também comentou sobre a disputa eleitoral pelo Governo do Estado em 2022. Em relação às primeiras pesquisas, que colocam o pré-candidato ACM Neto (DEM/UB) à frente do senador Jaques Wagner (PT), ele afirma: "Normal que Neto saísse na frente. É natural que pensem no ex-prefeito de Salvador".

"O governo local, com o DEM na capital e o PT no estado, ambos foram muito bem avaliados no desempenho, inclusive com um perfil semelhante do sujeito que faz obras, focados em obras. Mesmo estilo de drenar todo orçamento público e fazer obras. Não tem nenhum escândalo de corrupão, coisa do tipo, e são obreiros, parecidos no perfil de gestor. Então, parece que as pessoas gostaram desse perfil", explicou, sobre as semelhanças de Neto e o governador Rui Costa (PT).  

Wilson Gomes destaca, no entanto, que a Bahia não é Salvador.

"Vamos ver se ele [Neto] interioriza esse voto. O interior da Bahia é capaz de neutralizar esse voto de Salvador para ACM Neto, vamos ver como isso prossegue e tal. Além do fato que Neto tem um passivo aí, que é esse bolsonarismo light que ele acabou adotando. O ex-governador [Jaques Wagner] tem um ponto fraco, que é a crise do PT, acusações que pesam sobre ele". 

O professor da Ufba pontua que Wagner deve ter um 'cabo eleitoral' melhor que o ex-prefeito da capital baiana: Lula.

"Neto está há muito tempo esperando essa eleição. Se preparou para essa disputa, que não é contra Rui. Não sei que planos, que cartas ele tem na manga para jogar esse jogo estadual. Provavelmente Wagner vai ter um melhor cabo eleitoral que Neto. Lula faz muito efeito na Bahia e até em Salvador", explicou.

"Enquanto que o padrinho de Neto, seja Moro ou Bolsonaro, realmente não é um cavalo que vai fazê-lo chegar longe. Ele próprio tem que ser, vai ter uma tarefa mais díficil pela frente", reforçou.




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