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Cientista político avalia governos de Jair Bolsonaro no Brasil e do PT
na Bahia
De acordo com Jairo Mota, o
presidente da República não saiu do palanque desde que assumiu o Palácio do
Planalto
Em conversa com o Portal
M!, o cientista político Jairo Mota analisou os três anos do
governo de Jair Bolsonaro (PL) e o que vem pela frente, em 2022. De acordo com
Mota, o presidente da República assumiu o primeiro ano de mandato em 2019, mas
não saiu do palanque em momento algum.
"Na verdade, Bolsonaro continuou a política de Michel Temer
[MDB] de retirada de direitos. Avançou na Reforma da Previdência. Então, houve
grandes cortes de direitos trabalhistas, e isso causa impacto na popularidade.
O governo vem capengando em diversas áreas. Prometeu colocar pessoas com
capacidade para gerir, que seriam indicações técnicas, não políticas, e isso
não ocorreu. Ao final, abraçou o Centrão, botando aliados aqui e acolá. Ele
assumiu a presidência em 2019, mas não saiu do palanque. Tem fala direcionada
ao seu eleitorado, não para o Brasil, para a população em geral",
explicou.
Mota avaliou o que é necessário para que um presidente ganhe em
popularidade, algo que passa longe do que Bolsonaro fez.
"Para um presidente ser bem avaliado tem que ter uma
postura de presidente, além de propostas. Temer, por maior crítica que se possa
ter a ele, tinha essa postura, o que faltou a Jair Bolsonaro. E aí já causa uma
certa rejeição por parte da população. E as obras até então que ele inaugurou
foram iniciadas nos governos anteriores, não teve nenhuma obra de grande
importância iniciada no governo dele", explicou.
"Bolsonaro tinha que criar alguma coisa, então extinguiu o
Bolsa Família e criou o Auxílio Brasil para ter a assinatura dele, a digital
dele. O novo ensino médio não saiu do papel, seria este ano, mas não saiu. Deve
sair em 2022", elencou.
Para Mota, a questão da saúde não avançou, e o governo Bolsonaro
perdeu uma grande oportunidade de se destacar com chegada da pandemia de
Covid-19.
"Se apostasse na ciência, certamente poderia ter uma
popularidade melhor. Mesmo que o Governo Federal seja o grande financiador de
vacinas, de testes, acaba indo o bônus para governadores, prefeitos, porque ele
[Bolsonaro] não soube agregar, jogou tudo pelo ralo", complementou o
cientista político.
Para 2022, Jairo Mota acredita que "é o momento de
Bolsonaro começar a inaugurar as obras, fazer aparições de grandes obras,
porque não adianta só o discurso da moral e dos costumes, isso aí não vai ser
tão definidor como foi em 2018, com o desemprego, crise etc. As camadas mais
pobres da população querem saber quem vai dar mais emprego, quem vai dar
melhores condições de educação, saúde. Nessa perspectiva é que o governo tem que
procurar realizar as ações".
Governo
do PT na Bahia
O cientista político Jairo Mota também analisou os quase 16 anos
de governos do PT na Bahia, iniciado com Jaques Wagner, de 2007 a 2014, e que
terá o último ano dos dois mandatos de Rui Costa em 2022. De acordo com ele, é
um modelo que está se esgotando.
"Após quase 16 anos de PT, embora tenha tido uma
administração com austeridade, estruturando a máquina administrativa e
impulsionando grandes obras com parceria público/privada, o modelo já está se
esgotando. Não houve grandes mudanças em relação ao governo anterior, de
Wagner, e consolida ainda mais a aliança com antigos carlistas", explicou
o cientista político.
"Não há uma grande diferença da questão da máquina
administrativa, é um modelo esgotado, pois centraliza nas mãos de grandes
figurões como João Leão [PP], Otto Alencar [PSD] e outros ligados ao carlismo e
que hoje estão abraçados ao governo do PT", justificou.
De acordo com Mota, esse modelo centralizador impede o
surgimento de novas lideranças e de renovação.
"Inclusive, há a tendência que Wagner retorne candidato ao
governo porque não surgiu ou não foi possibilitado o surgimento de novas
lideranças. E aí abre espaço para o carlismo renovado, que é ACM Neto [DEM]
poder chegar ao poder. Estamos distantes das eleições, mas nas pesquisas -
tanto espontâneas quanto estimuladas - ACM já dá um salto à frente. Wagner só
consegue empatar quando o nome é associado ao nome de Lula. O PT vai depender
muito da campanha nacional para poder puxar um segundo turno na Bahia".
O cientista político lembra: "Obras importantes que foram prometidas, como
a ponte Salvador-Itaparica, não saiu do papel, só saíram algumas por contexto,
como Arena Fonte Nova e o metrô, por causa da Copa do Mundo. Outras obras como
Ferrovia Oeste-Leste, não saíram do papel. Dois importantes vetores de
desenvovimento não saíram do papel. Tem que dinamizar para alavancar a economia
do estado. A Bahia tem ficado para trás de muitos estados como Pernambuco,
Ceará por conta da estrutura que não foi reformulada para atender novas
demandas, para suprir novas áreas".