divulgação (Foto: Reprodução)
Sergio
Moro é aconselhado a ajustar discurso e popularizar imagem rumo a 2022
Sergio Moro é pré-candidato
do Podemos a presidente da República
O pré-candidato do Podemos a presidente da República, Sergio Moro, foi
ao Recife lançar um livro e, num encontro com apoiadores, se deixou fotografar
de calça jeans, mangas arregaçadas e um chapéu de sertanejo, de acordo com o
jornal O Globo. Quem conhece o ex-juiz sabe que esse tipo de performance não
combina com o formalismo que a liturgia da magistratura exige e do qual ele
ainda tem muita dificuldade de se afastar.
Terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, o ex-ministro da
Justiça é considerado uma alternativa para atrair o voto daqueles que rejeitam
o petista Lula, que hoje aparece na liderança, e o presidente Jair Bolsonaro, o
segundo colocado. Calcula-se que 9% dos eleitores, o que corresponde a 13
milhões de brasileiros, se enquadrem nesse perfil. A consolidação do ex-juiz como o favorito da chamada Terceira Via, porém,
depende de outras variáveis. A pouco mais de dez meses para as
eleições, Sergio Moro tem uma modesta estrutura partidária, não conta com
nenhum grande palanque estadual consolidado e a articulação política em torno
de sua candidatura ainda é incipiente.
Nas últimas semanas, um novo fator se somou a essa lista de gargalos: a
falta de capilaridade junto ao eleitor que, embora conheça ele e a Operação
Lava-Jato, está longe de considerar o combate à corrupção ou a defesa da prisão
em segunda instância, duas das bandeiras do ex-juiz, como suas preocupações
mais urgentes. Hoje, Moro, no melhor dos cenários, conta com 11% das intenções
de voto. É um desempenho considerado relativamente satisfatório para quem nunca
disputou uma eleição, tanto que o União Brasil, o superpartido em formação a partir
da fusão do PSL e do DEM, já deu sinal verde para que alguns de seus dirigentes
iniciem uma aproximação tática com o ex-ministro.
Historicamente, a legenda acumula uma enorme resistência a Moro, mas não
tem candidato a presidente, conta com uma imensa estrutura nacional e um fundo
bilionário para ser usado na campanha, o que pode provocar o fenômeno dos
“opostos que se atraem”. Essa aproximação, segundo dirigentes do União, também
rendeu o seguinte diagnóstico: se o objetivo é vencer a eleição, é preciso
repaginar a figura de Sergio Moro e agregar outros temas ao discurso dele. O
partido contratou uma empresa que tem monitorado nas redes sociais as citações
ao ex-ministro.
Os primeiros resultados mostram que ele é visto como elitista e o
discurso anticorrupção empolga menos do que temas como carestia e desemprego. A
última pesquisa DataFolha deu contornos ainda mais claros a essa constatação.
O ex-magistrado, que atinge 9% das intenções de voto no levantamento,
tem a imagem forjada essencialmente em dois temas — combate à corrupção e à
violência —, enquanto Lula é associado a defesa dos pobres, experiência e
combate ao desemprego, e Bolsonaro, mesmo amargando níveis recordes de
rejeição, ainda mantém sua persona vinculada à religião e a valores
tradicionais da família