divulgação (Foto: Marcos Oliveira / Agência Senado)
Com 47 votos a
favor e 32 contra, Senado aprova indicação de André Mendonça ao STF
Em sabatina desde o início da manhã desta
quarta-feira, o ex-Advogado Geral da União e ministro da Justiça e Segurança
pública André Mendonça foi finalmente, depois de 5 meses desde sua indicação,
avaliado pelo plenário do Senado Federal para assumir o cargo de ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF). Todos os parlamentares votaram, e 47 foram
favoráveis à indicação, com outros 32 contrários. Agora, ele assumirá o posto
vago com a saída do ministro Marco Aurélio Mello, aposentado desde julho por
atingir a idade-limite ao exercício do cargo.
"Terrivelmente evangélico", como
adjetivado por Bolsonaro quando sugeriu seu nome, Mendonça se colocou a favor
da defesa da laicidade do Estado. "Ainda que eu seja genuinamente
evangélico, não vejo espaço para manifestação religiosa no STF. Na vida, a
Bíblia, no Supremo, a Constituição", comentou em seu discurso inicial.
O ex-ministro também defendeu a liberdade de
expressão e de imprensa, quando questionado a respeito do assunto pelos
internautas que acompanhavam a sessão utilizando o portal e-Cidadania, da Casa.
"Discordar é legítimo. Desrespeitar, não", comentou em síntese.
DEFESA DO CASAMENTO CIVIL DE PESSOAS DO MESMO
SEXO
Respondendo a perguntas do senador Fabiano
Contarato (Rede-ES), Mendonça afirmou ser favorável ao casamento e união civil
em relacionamentos homoafetivos, mesmo ressaltando que sua "concepção de
fé específica" é contrária ao assunto. "O direito da família do
senhor ser constituída, dentro daquilo que o senhor acredita, é o mesmo que o meu.
Esses direitos têm que ser respeitados", complementou.
Em troca, Contarato criticou a omissão do
ex-ministro da AGU diante de temas a respeito da defesa de minorias.
"Naquele contexto, o senhor fez uma argumentação pública contra, e hoje o
senhor fala que seria favorável à equiparação da homofobia com o crime de
racismo", argumentou o senador, que ainda afirmou que o país precisa de um
ministro "terrivelmente democrático, ambientalista e comprometido com os
direitos humanos".
CRÍTICAS A DECISÕES MONOCRÁTICAS E A
INTERVENÇÕES ENTRE OS PODERES
Quando questionado pelo senador Oriovisto
Guimarães (Podemos-PR), Mendonça afirmou "buscar sempre a
colegialidade" em suas decisões. Guimarães tem como sua autoria a proposta
de emenda à Constituição (PEC 08/2021), que inviabiliza decisões monocráticas
por ministros do STF. "As preocupações trazidas pela PEC são legítimas e
esta casa tem maturidade para tratar desse assunto", comentou.
Em outro momento de pergunta, o senador Marcos
Rogério (DEM-RO) acusou o STF de intervir de modo ilegítimo sobre decisões do
Legislativo. A resposta de Mendonça foi enfática: "O Judiciário não deve
ser omisso aos direitos e garantias fundamentais por eventuais de outros
Poderes, mas não [pode] se sobrepor numa política pública".