divulgação (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil )
Bolsonaro vai ao STF contra decisão da CPI por suspensão de redes após
ligar vacinas à Aids
O presidente Jair Bolsonaro apresentou uma ação ao
STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão da CPI da Covid de suspender as contas do chefe do
Executivo das redes sociais e de quebrar seu sigilo telemático.
O requerimento da comissão foi aprovado após Bolsonaro
associar as vacinas contra a Covid à Aids.
A decisão da CPI também autorizou o envio da afirmação do presidente
sobre o tema ao ministro Alexandre de Moraes para que o caso seja investigado
no inquérito das fake news em curso no Supremo e também determinou que o
presidente se retrate publicamente pela declaração.
Em relação aos dados sigilosos, o requerimento ordena que eles sejam
enviados pelas plataformas à PGR (Procuradoria-Geral da República) e ao STF
(Supremo Tribunal Federal) relativas ao período de abril de 2020 até hoje.
O objetivo do colegiado é ter acesso a informações sobre as redes do
presidente, como dados cadastrais, registros de conexão e cópias de conteúdo
armazenado.
A decisão da CPI é para que a suspensão das contas de
Bolsonaro nas redes sociais ocorra "até ulterior determinação".
Na peça enviada ao Supremo, a AGU (Advocacia-Geral da União), que faz a
defesa judicial do governo, afirma que a CPI não tem poder para tomar esse tipo
de decisão e pede que o requerimento seja anulado.
"Note-se que não há poderes de investigação criminal ou para fins
de indiciamento, seja da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, em face do
Presidente da República, no âmbito de CPI's ou de qualquer outra Comissão
Parlamentar, seja a que título for".
O ministro Alexandre de Moraes será o relator do pedido. Nele, a AGU
afirma que é "vedada qualquer medida cautelar penal em face do presidente
da República".
Além disso, diz que a comissão também não poderia "instar órgão
jurídico a promover a investigação e responsabilização do presidente da
República, o qual, conforme delineado, não pode sequer ser convocado como
testemunha no âmbito da CPI".
No dia em que as medidas foram aprovadas, o presidente da comissão,
senador Omar Aziz (PSD-AM), fez duras críticas ao presidente.
"A Presidência não é cargo de boteco em que você fala o que quer,
tomando cerveja e comendo churrasquinho. Presidente da República que se reporta
ao povo brasileiro baseado em um estudo que não tem cabimento nenhum e fala uma
coisa dessa quando estamos implorando para a população se vacinar?",
criticou.
A afirmação de Bolsonaro foi feita em sua live semanal nas redes sociais e
considerada absurda por cientistas.
Ele leu uma notícia segundo a qual "vacinados [contra a Covid] estão
desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]".
A falsa notícia à qual o presidente se referiu foi publicada em pelo
menos dois sites, Stylo Urbano e Coletividade Evolutiva. Os textos afirmam
erroneamente que pessoas estão perdendo a capacidade do sistema imunológico ao
longo das semanas após completarem a vacinação e, por isso, terão
"efetivamente a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]
desenvolvida".
As páginas dizem se apoiar em dados disponibilizados pelo governo
britânico. O relatório do portal oficial do Departamento de Saúde Pública do
Reino Unido ao qual os portais se referem, porém, não cita a síndrome da
imunodeficiência adquirida em nenhum momento.
Além disso, os portais Stylo Urbano e Coletividade Evolutiva fraudaram a
tabela do departamento britânico que analisa os casos de Covid-19 entre
vacinados e não vacinados. Ambos inseriram uma coluna que não consta no
documento oficial, chamada "reforço ou degradação do sistema
imunológico".