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Polêmico, Projeto de Lei quer conceder cemitérios e até iluminação à
iniciativa privada em Salvador
PL vai começar a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça e
Redação Final (CCJ) na próxima segunda-feira (25)
Um projeto de lei, que tramita em caráter de urgência na Câmara de
Vereadores de Salvador, tem provocado reações negativas da oposição. O Plano
Integrado de Concessões e Parcerias do Salvador (PICS), sancionado pelo
prefeito Bruno Reis, prevê conceder a gestão de serviços públicos como
cemitérios, planos inclinados e até iluminação municipal à iniciativa privada,
por meio de parcerias com a prefeitura.
A vereadora Maria Marighella (PT) afirma que o projeto nº 305 /2021
é um perigo para a população: "Uma autorização cheque branco para que a
prefeitura garanta serviços à iniciativa privada". A oposição critica
ainda o caráter de urgência do projeto. De acordo com a petista, pela amplitude
de questões que aborda, o PICS precisa de maior discussão, audiências e
participação pública.
Segundo o líder do governo na Câmara, Paulo Magalhães Jr. (DEM), no
entanto, o PL vai começar a tramitar de fato, a partir da Comissão de
Constituição e Justiça e Redação Final (CCJ), apenas na próxima segunda-feira
(25), apesar de ter chegado na Casa há mais de um mês, em setembro. "O
projeto estava aí o tempo todo, para quem quisesse analisar", diz.
Sobre as parcerias com a iniciativa privada, o vereador afirma que é uma
prática comum. "Isso já acontece em todos os lugares do mundo, é uma forma
do Poder Público de fazer investimento. Quem vai ganhar com isso é a
população", afirma.
A oposição, entretanto, teme os resultados de uma autorização
generalizada.
"Você tem o exemplo emblemático do Consórcio Nova Lapa da concessão
pública da Estação da Lapa. A prefeitura entrega à Nova Lapa a autorização de
fazer uma melhor gestão. Agora na estação já faz duas semanas que as escadas rolantes não
funcionam, e a Concessionária não tem previsão de conserto. Por causa dessa
parceria público-privada, passamos por um conflito com o Tororó, em que
famílias tiveram que ser retiradas de uma ZEIS [Zonas Especiais de Interesse Social]
para dar lugar ao estacionamento do Shopping Nova Lapa", conta
Marighella.
"Esse modelo de negócio e desenvolvimento que negocia o inegociável
é para o que estamos dizendo não", completa a vereadora petista.
"Serviços essenciais precisam ser tratados com o interesse público no
horizonte da política pública", diz.
De acordo com o projeto, o Poder Executivo Municipal fica
autorizado a conceder ou delegar ao menos nove bens, obras e serviços
públicos municipais desde que submetidos e aprovados pelo Conselho Gestor
de Parcerias. Entre eles estão os mercados municipais; serviços
de microacessibilidade como planos inclinados, elevadores e
equipamentos de transporte relacionados; cemitérios e crematórios
municipais; além de geração de energia.