divulgação (Foto: Reprodução)
CPI adia relatório final em meio a divergências em acusações contra
família Bolsonaro
A CPI da Covid anunciou
neste domingo (17) o adiamento da leitura e da votação do seu relatório final
em meio às divergências entre senadores do grupo majoritário do colegiado.
A decisão foi tomada pelo presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM),
após insatisfações sobre trechos do documento do relator Renan Calheiros
(MDB-AL) e debates, entre outros pontos, sobre a inclusão de membros da família
do presidente Jair Bolsonaro entre
as propostas de indiciamento.
A leitura do relatório estava marcada para esta terça-feira (19), e
integrantes da comissão chegaram a projetar uma demora adicional de uma semana.
Mais tarde, Aziz disse que ele será lido na quarta-feira (20), mas que a
votação do texto, que seria nesse dia, ficará apenas para a semana seguinte, no
dia 26.
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"Tem muita divergência ainda, precisamos discutir. Em relação a
indiciamento, tipificação de crime. A ideia é uma semana de vista",
afirmou Humberto Costa (PT-PE), senador integrante da comissão.
O adiamento foi definido por Aziz em entendimento com os integrantes do
chamado G7, grupo de parlamentares majoritário na comissão e que costuma agir e
votar em conjunto.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Renan disse haver a especificação
de 11 crimes e vários agravantes atribuídos ao presidente da República.
Segundo senadores da CPI, porém, há discordâncias, por exemplo, sobre a
inclusão do crime de genocídio contra a população indígena entre as propostas
de indiciamento de Bolsonaro.
Outra divergência envolve a proposta do relator de responsabilização do
senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Parte do G7 avalia não haver motivos
para sugerir seu indiciamento.
Além disso, há um descontentamento de senadores com os conteúdos vazados
do relatório de Renan. Alguns disseram que não estão conseguindo ter acesso ao
documento e que ficam sabendo das informações pela imprensa.
"Só quem tem conhecimento do relatório todo até agora é o relator,
nenhum senador teve acesso ainda. Seria muito exíguo o tempo e análise do
relatório. Nós achamos por bem, até para ser cauteloso, para não surgir nenhuma
ação na Justiça dizendo que foi cerceada a defesa de um ou de outro",
disse Aziz em entrevista à CNN Brasil.
O senador Renan Calheiros disse à Folha de S.Paulo que concordou com
Omar Aziz sobre o adiamento para tentar encontrar um denominador comum no G7.
Ele afirma que o parecer é complexo e que, quanto mais tempo tiver, melhor
será.
"É natural que tenha divergência sobre tipos penais, mas isso tudo
será resolvido ao longo das conversas. O relatório é coletivo e ele tem que ser
aprovado pela maioria", disse.
Renan afirmou ainda que, em relação à questão do genocídio, defendeu a
inclusão da acusação em seu relatório porque entende que, para caracterizar a conduta,
não é necessária a quantidade de vítimas, mas a ação e a omissão do governo com
os povos indígenas. Isso está comprovado na proposta de relatório, afirma.