divulgação (Foto: Agência Senado)
Renan diz que pedirá indiciamento de Pazuello por "vários
crimes"
O relator da CPI da Covid,
o senador Renan Calheiros (MDB-AL), publicou neste domingo (17) no Twitter que
o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello "desfila nos corredores no
Planalto arrastando milhares de cadáveres" e será alvo de pedidos de
indiciamento por "vários crimes", mas não especificou quais.
A mensagem foi escrita às vésperas da
apresentação formal do relatório final da comissão. A leitura do
relatório estava prevista para esta terça-feira (19), mas foi adiada para uma
data ainda a ser definida.
"Pazuello desfila nos corredores do Planalto arrastando milhares de
cadáveres. Ex-ministro e hoje 'aspone' será indiciado pela CPI por vários
crimes. Ninguém sabe sua serventia - só constranger as Forças Armadas. Parece
título de livro: 'Ninguém escreve ao coronel'. No caso, general", escreveu
Renan.
Ministro da Saúde entre maio de 2020 e março de 2021, Pazuello está no
centro de diversas linhas da investigação que apura a conduta do Governo
Federal na pandemia do novo coronavírus, especialmente da crise de oxigênio no
Amazonas.
A mensagem de Renan também faz alusão a uma reportagem
publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta semana que mostrou que
Pazuello completou quatro meses em cargos de confiança ligados à Presidência da
República com uma agenda esvaziada e função obscura.
O militar registrou ter se ocupado de "despachos internos" em
59 dias úteis desde que foi nomeado, em junho. Em outras 13 datas, a expressão
utilizada foi "sem compromissos oficiais", e por nove dias não
prestou qualquer informação em sua agenda. Ou seja, em 81 dos 91 dias úteis que
esteve no cargo, 89% do total, não é possível saber o que Pazuello fez no
trabalho.
Pouco mais de dois meses após deixar a pasta, Pazuello foi nomeado
secretário de Estudos Estratégicos da SAE. No começo deste mês, ele ganhou novo
cargo, sendo alçado a assessor especial da Secretaria Especial de Assuntos
Estratégicos da Presidência da República.
Na última semana, Renan Calheiros disse que uma versão inicial do
relatório final previa o pedido de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) em 11 crimes, mas o documento ainda está em discussão entre os
membros da CPI e pode mudar. Pazuello também fará parte da lista.
Os pedidos de indiciamento são enviados para a Procuradoria-Geral da
República quando o acusado tem a prerrogativa de foro especial. Nos casos de
crime de responsabilidade, a apreciação cabe à Câmara. Os demais casos são
encaminhados a instâncias inferiores do Ministério Público Federal. Cada órgão
segue um rito próprio para decidir se aceitará os indiciamentos dos nomes
apontados pela CPI.
A reportagem tenta contato com Eduardo Pazuello e adicionará seu
posicionamento se receber uma resposta.
Durante a semana, Pazuello foi defendido de forma enfática por Bolsonaro
em uma entrevista à Rádio Novas de Paz. O presidente disse que o ex-ministro
que "trabalhou de domingo a domingo" e que agiu rápido na crise do
oxigênio no Amazonas.
Porém, documentos colhidos pela comissão e outros depoimentos
contradizem a versão apresentada pelo ex-ministro, que diz ter sido avisado na
noite do dia 10 de janeiro. O ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus
Campêlo alega que fez o pedido ainda no dia 7 de janeiro.