
divulgação (Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Bolsonaro rebate Lula e nega
plano de assassinato: ‘só um imbecil ou um canalha compra esse papo’
Ex-presidente
critica acusações do petista e ironiza investigações do STF sobre tentativa
O ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) respondeu, nesta quinta-feira (27), às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre
sua suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado. A acusação levou
o ex-mandatário do país a se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Só um imbecil ou um canalha
compra esse papo de plano de assassinato”, escreveu Bolsonaro em sua conta na
rede social X.
Lula reforça acusações e cobra
responsabilização judicial
A declaração ocorre após Lula afirmar que Bolsonaro tentou
contribuir para um plano de assassinato contra ele, seu vice, Geraldo Alckmin,
e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre
de Moraes. Durante entrevista a jornalistas em Tóquio, no Japão, o petista voltou
a afirmar a gravidade das acusações contra Bolsonaro.
“É visível por todas as provas
que ele tentou contribuir para meu assassinato, para o assassinato do
vice-presidente e do ex-presidente da Justiça Eleitoral brasileira”, disse o
petista.
O presidente ainda criticou Bolsonaro por alegar perseguição
política. “Não adianta agora ele ficar fazendo bravata, dizendo que está sendo
perseguido”, completou.
Bolsonaro ironiza investigações e cita
atentado de 2018
Em sua resposta, Bolsonaro ironizou as investigações sobre a
suposta conspiração golpista. “A narrativa de vocês sobre o ‘gópi’ é conhecida
por todos os seus adversários. Ninguém de bom senso aguenta mais essa patifaria
armada”, escreveu, assinando a postagem com um tom irônico: “um fraterno abraço”.
O ex-presidente também mencionou o atentado que sofreu durante a
campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora (MG). “A única pessoa que tentaram
matar fui eu”, declarou.
Plano de assassinato e tentativa de golpe
A denúncia aceita pelo STF, na quarta-feira (26), tem
como base um inquérito da Polícia Federal (PF) que menciona um suposto plano,
chamado de “Punhal Verde e Amarelo”. Segundo o documento, Bolsonaro teria sido
informado sobre a conspiração e concordado com o planejamento.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR),
militares das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”,
chegaram a arquitetar uma emboscada para o ministro Alexandre de Moraes, mas
desistiram da ação. O inquérito também detalha que, na época, Bolsonaro
divulgava um relatório do Ministério da Defesa questionando a lisura das
eleições, enquanto seus aliados planejavam um golpe.
“O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do presidente
da República, que a ele anuiu”, afirmou o procurador-geral da República, Paulo
Gonet, na peça de acusação.
STF aceita denúncia e Bolsonaro vira réu
Bolsonaro tornou-se réu no STF sob a acusação de tentativa de
golpe de Estado e outros quatro crimes. A Primeira Turma do Supremo aceitou,
por unanimidade, a denúncia da PGR contra o ex-presidente e mais sete aliados.
Entre os denunciados estão os generais e ex-ministros Walter
Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira; o deputado federal e
ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem; o
ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; o almirante Almir Garnier,
ex-comandante da Marinha; e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens
da Presidência. Os oito fazem parte do chamado “núcleo crucial” da tentativa de
golpe. Segundo a PGR, “deles partiram as principais decisões e ações de impacto
social” para a conspiração.
Com a aceitação da denúncia, os acusados agora responderão
formalmente às acusações na Justiça. O julgamento do mérito, que determinará a
culpa ou inocência dos réus, ocorrerá após a fase de instrução do processo, que
inclui interrogatórios, oitiva de testemunhas e apresentação de defesa.
Lula evita especular sobre julgamento
Apesar da gravidade das acusações, Lula afirmou que não pretende
especular sobre o desfecho do julgamento. “O correto é que a Suprema Corte está
se baseando nos autos do processo, após meses de investigação criteriosa
realizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público”, disse o presidente.
O petista também criticou Bolsonaro por se posicionar como
vítima de perseguição. Lula ressaltou a importância do devido processo legal e
garantiu que, caso Bolsonaro seja considerado culpado, deverá cumprir a pena estipulada
pela Justiça.
“Ele sabe o que fez. Não adianta pedir anistia antes do
julgamento, pois isso equivale a uma confissão de culpa”, declarou.