Divulgação (Foto: Câmara dos Deputados)
Com 15 votos favoráveis, Conselho de Ética aprova pedido de
cassação de Chiquinho Brazão
Defesa ainda pode recorrer da decisão ao CCJ
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou nesta
quarta-feira (28) a cassação do deputado federal Chiquinho Brazão (sem
partido-RJ), preso desde março sob a acusação de ser o mandante do
assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro.
A votação foi encerrada com 15 votos favoráveis pelo fim do
mandato de Brazão, um voto contra, de Gutemberg Reis (MDB-RJ), e uma abstenção,
de Paulo Magalhães (PSD-BA). A defesa do parlamentar ainda pode recorrer da
decisão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da pasta.
Com isso, o Conselho de Ética faz uma recomendação formal para a
cassação do mandato do candidato. A decisão final será tomada no plenário, onde
serão necessários 257 votos dos 513 congressistas — a maioria absoluta da
Câmara, favoráveis a cassação.
Os deputados acompanharam o relatório da deputada Jack Rocha
(PT-ES), que recomendou que fosse retirado o mandato de Brazão. “As provas
coletadas tanto por esse colegiado, quanto no curso do processo criminal, são
aptas a demonstrar que o representado tem um modo de vida inclinado para a
prática de condutas não condizentes com aquilo que se espera de um
representante do povo”, justificou Rocha.
Em sua defesa, Brazão afirma ser inocente e disse que era
amigo de Marielle. “Marielle era minha amiga, comprovadamente”, afirmou. O
advogado Cléber Lopes, responsável pela defesa de Brazão, justificou que o
Conselho de Ética não poderia punir o parlamentar, já que o assassinato é um
fato que aconteceu antes de ele assumir o mandato como deputado federal.
Essa justificativa foi utilizada também quando Guilherme Boulos
(PSOL-SP), relator do caso André Janones (Avante-MG) no mesmo colegiado, votou
pelo arquivamento do caso de “rachadinha”
Lopes também criticou que os depoentes puderam ser apenas
convidados a testemunhar no Conselho de Ética, o que os desobrigou a participar
do processo. “Nós não pudemos trabalhar num ambiente em que o Conselho de Ética
convida as pessoas para depor”, apontou. “Tivemos um prejuízo substancial na
defesa porque várias testemunhas deram de ombros e não compareceram.”
A defesa final, documento apresentado ao Conselho de Ética,
alega que a delação premiada feita por Ronnie Lessa — apontado pela
Polícia Federal como o assassino de Marielle, e que apontou Brazão como
mandante do crime — é uma “fantasiosa estória de um homicida confesso” por
haver contradições e erros factuais na denúncia da Procuradoria-Geral da
República e concluiu que não há provas suficientes para sustentar a acusação.