Divulgação (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
Rodrigo Pacheco diz que PL que equipara aborto a
homicídio é ‘irracionalidade’
PL que tramita na Câmara visa alterar as regras sobre o aborto no Brasil
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), criticou o
Projeto de Lei (PL) que busca equiparar o aborto a partir das 22 semanas
de gestação com homicídio, classificando-a como “irracionalidade” e “muito
infeliz”. Para Pacheco, o texto não é “minimamente viável” e representa um
retrocesso nas discussões sobre o tema.
A declaração surge em meio à tramitação de um projeto de lei na
Câmara, proposto pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL), membro da bancada
evangélica, que visa alterar as regras sobre o aborto no Brasil.
“Quando se discute a possibilidade de se equiparar o aborto em
qualquer momento ao crime de homicídio é, me perdoe, uma irracionalidade. Não
tem o menor cabimento, a menor lógica, a menor razoabilidade de se punir a
título de homicídio com o aborto”, afirmou Pacheco, dizendo ainda que a
sugestão de se equiparar os dois crimes “coloca em xeque a própria ciência do
direito penal”.
“A lei penal distingue muito claramente o que é aborto e o que é
homicídio. Essa inovação muito infeliz coloca em xeque a própria ciência do
direito penal. Não é uma vontade de fazer o que queremos. Há regras, há base
empírica, há direito comparado, proporcionalidade de pena. Se aborto será
punido de 6 a 20 anos, o que vamos fazer com homicídio? E outros crimes como
estupro?”, questionou Rodrigo Pacheco.
“Esse projeto (em discussão na Câmara), da forma como está concebido,
de fato não me parece minimamente viável. Obviamente respeitarei. Mandarei às
comissões (se for aprovado pelos deputados e enviado ao Senado), vai ser
discutido. É direito dos senadores decidirem. Mas da forma como está sendo
tratado, me parece que toda a academia, a doutrina, todos os juristas e grande
parte da população vão reconhecer que isso não é possível”, completou.