Divulgação (Foto: Reprodução/Instagram @lulaoficial)
Presidente diz que indígenas têm 'pouca
terra' no Brasil e cobra dinheiro de países que desmataram
Lula e Macron se encontraram em Belém (PA), cidade que vai
receber a cúpula do clima COP-30 no próximo ano
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta
terça-feira (26), em visita ao Pará, que há poucas terras indígenas demarcadas
no Brasil, em reação à crítica de setores do agronegócio brasileiro, aos quais
chamou de "conservadores e latifundiários". Ao lado do presidente da
França, Emmanuel Macron, Lula cobrou que países mais industrializados "que
já desmataram" ajudem financeiramente os demais na preservação de
florestas tropicais.
Os dois presidentes se encontraram em Belém (PA), cidade que vai
receber a cúpula do clima COP-30 no próximo ano. "Queremos
convencer o mundo de que o mundo que já desmatou tem que contribuir de forma
importante para que países que ainda tem florestas mantenham a floresta de pé.
Esse é um compromisso nosso", afirmou Lula, que tem ampliado a cobrança de
que os países ricos doem US$ 100 bilhões por ano para ações climáticas,
previsto no Acordo de Paris, mas nunca concretizado.
Lula reiterou o compromisso assumido pelo Estado brasileiro de
zerar o desmate na Amazônia até 2030 e disse que fará da "luta contra
desmatamento uma profissão de fé". O francês anunciou que ambos vão
investir US$ 1 bilhão cada em iniciativas para promoção da biodiversidade,
desenvolvimento econômico dos indígenas e atividades que favoreçam a
preservação florestal. Macron chamou o compromisso em favor da bioeconomia de
"Apelo de Belém".
Segundo Macron, o projeto conjunto com o Brasil tem como
objetivo aproximar os territórios dos dois lados do Oiapoque - referindo-se à
Guiana Francesa, que visitou na véspera - e "lutar contra o garimpo e
interesses financeiros de curto prazo que ameaçam a floresta".
O presidente francês disse que os dois países podem formar o
maior parque florestal do mundo e prometeu estimular o intercâmbio de pesquisa
entre antropólogos e cientistas. "Vamos investir US$ 1 bilhão cada país
para biodiversidade e atividades econômicas compatíveis com interesses dos
povos indígenas, que permitam ter perspectiva de desenvolvimento e preservar a
floresta", afirmou o francês, na Ilha do Combu, rodeado de lideranças dos
povos indígenas brasileiros, após condecorar o cacique Raoni Metuktire.
Macron havia prometido no ano passado destinar 500 milhões de
euros à preservação florestal no Brasil. Ele não detalhou se os recursos se
sobrepõem ou são novos. O francês não anunciou a adesão da França ao Fundo
Amazônia, como antecipou o Estadão/Broadcast.