Divulgação (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
Chiquinho Brazão diz que tinha "ótima
relação" com Marielle
Deputados da CCJ pediram vista e adiaram análise sobre prisão
O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido), detido no
último domingo (24), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da
vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, disse nesta
terça-feira (26) que tinha uma "ótima relação" com a vereadora. As
informações são da Agência Brasil.
Em manifestação online, durante reunião da Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados que analisa a prisão
preventiva do parlamentar, ele disse que o que houve entre ele e Marielle foi
uma "simples discordância de pontos de vista" em relação ao projeto
de lei que regulamentava os condomínios irregulares na cidade do Rio de
Janeiro.
"A gente tinha um ótimo relacionamento, só tivemos uma vez
um debate, onde ela defendia a área de especial interesse, que eu também
defendia. Marielle estava do meu lado na mesma luta", argumentou o
parlamentar, preso em Brasília, pedindo que os deputados revejam a decisão
sobre sua prisão. Como Brazão é parlamentar federal, a prisão precisa ser
aprovada pela maioria absoluta da Câmara dos Deputados.
O relatório da Polícia Federal cita como motivação para o
assassinato a divergência entre Marielle Franco e o grupo político do então
vereador Chiquinho Brazão em torno do Projeto de Lei (PL) 174/2016, que buscava
formalizar um condomínio na Zona Oeste da capital fluminense.
O relator do caso na CCJ, deputado Darci de Matos (PSD-SC),
defendeu a manutenção da prisão do parlamentar. Segundo ele, a prisão respeitou
as exigências constitucionais que dizem que a detenção de um parlamentar só
pode ser feita em flagrante e por crime inafiançável.
O advogado de Chiquinho Brazão, no entanto, pediu a revogação da
prisão de seu cliente. "Estamos diante de um claro exemplo de uma prisão
ilegal que deve ser imediatamente relaxada, como determina a Constituição
Federal", disse Cleber Lopes de Oliveira.
Segundo ele, não há prisão em flagrante no caso de Brazão, e sim
prisão preventiva, o que não está previsto na Constituição para a detenção de
um parlamentar. "Além disso, o delito não está no rol dos crimes
inafiançáveis, então não há possibilidade de prisão em flagrante do parlamentar
por isso", argumenta.
O advogado também sustentou a incompetência do Supremo Tribunal
Federal (STF) para decretar a prisão do deputado, já que o parlamentar só tem
prerrogativa de foro privilegiado, ou seja, de ter seus processos encaminhados
ao STF, se o crime tiver sido cometido durante o mandato e em razão do mandato.
O crime ocorreu em 2018 e Brazão assumiu o mandato em 2019.
Durante a reunião da CCJ, os deputados federais Gilson Marques
(Novo-SC) e Roberto Duarte (Republicanos-AC) pediram vista para analisar se a
prisão preventiva foi legal, argumentando que não tiveram tempo de avaliar o
relatório da Polícia Federal, a decisão de prisão do ministro do Supremo
Alexandre de Moraes nem o relatório de Darci de Matos.