Divulgação (Foto: Reprodução/Instagram @hilton_erika)
Vereador que homenageou Michelle Bolsonaro
compartilha post chamando Erika Hilton de "Érico"
Publicação ocorreu após parlamentar tentar barrar homenagem à
ex-primeira-dama no Teatro Municipal de São Paulo na segunda-feira
O vereador de São Paulo Rinaldi Digilio (União Brasil)
compartilhou um post nas redes sociais que troca o nome da deputada federal
Erika Hilton (PSOL-SP) por outro de homem. A publicação ocorreu após a
parlamentar tentar barrar homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no
Teatro Municipal na segunda-feira (25).
A parlamentar foi responsável por apresentar a ação no Tribunal
de Justiça (TJ-SP), que levou ao veto do uso do espaço para o evento, e por
solicitar a prisão em flagrante do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em caso de
descumprimento da liminar. A cerimônia, no entanto, foi mantida no teatro
depois que o vereador prometeu pagar R$ 100 mil pelo aluguel por meio de um
empréstimo.
Nesta terça-feira (26), Digilio republicou vídeo de uma conta
anônima que chamava a deputada, que é uma mulher trans, de "Érico
Ilton", com dois emojis de risada. O material debochava do pedido de
prisão, alegando que a Polícia Militar estava presente com a sua banda no
evento.
Procurado pelo Estadão, o vereador apagou o post e disse que
"não reparou o nome escrito errado". A deputada também foi procurada
e ainda não se manifestou sobre o assunto.
Os vereadores paulistanos aprovaram a entrega do título de
cidadã paulistana para a ex-primeira-dama em novembro do ano passado. A
justificativa para a concessão da honraria é de que Michelle "é engajada
em políticas sociais, com atenção especial para as doenças raras". O
Teatro Municipal foi reservado pela Câmara para a realização da sessão solene,
o que motivou o questionamento no TJ-SP.
Na sexta-feira (22), o juiz Marco Antônio Martin Vargas
suspendeu a autorização para a realização do evento no local, argumentando que
a prefeitura não apresentou justificativas razoáveis para não sediá-lo no
plenário da Câmara e que ele poderia representar "grave desvio de
finalidade do bem público, do dever de impessoalidade e da promoção pessoal de
autoridade". O TJ-SP estipulou multa de R$ 50 mil em caso de
descumprimento da decisão.
'Vaquinha' para pagar aluguel do Teatro Municipal
A Câmara Municipal recorreu alegando que foram realizados mais
de 40 eventos do tipo em endereços externos desde 2021, mas o pedido foi
rejeitado pelo presidente do TJ-SP, Fernando Garcia, que disse não ter
competência para suspender a medida. O evento acabou sendo realizado de
qualquer maneira com o vereador se oferecendo para pagar o aluguel e uma
eventual multa do próprio bolso.
Ele, no entanto, tenta reverter o prejuízo divulgando uma
"vaquinha" via Pix criada pelo seu próprio assessor de comunicação na
plataforma X (antigo Twitter). A estratégia se assemelha a uma vaquinha
recebida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para arcar com multas por
descumprimento de medidas sanitárias durante a pandemia de covid-19. O político
recebeu R$ 17,1 milhões de apoiadores e ainda teve as penalidades anistiadas em
São Paulo.
Em 2020, Digilio declarou patrimônio de R$ 2,4 milhões ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O vereador é pastor da Igreja do Evangelho
Quadrangular e diz lutar contra "proposituras que visam destruir os
valores cristãos e da família tradicional" em sua biografia divulgada no
site da Câmara de São Paulo.