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Bolsonaro defende anistia para presos do 8 de
janeiro e diz que penas fogem da razoabilidade
Ex-presidente nega ter conspirado contra a democracia:
""Golpe é tanque na rua, é arma. Nada disso foi feito no
Brasil"
O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu na tarde deste domingo (25) a
anistia para os presos dos atos de 8 de janeiro e disse que as penas aplicadas
fogem ao mínimo de razoabilidade. "Anistia para os pobres coitados que
estão presos em Brasília", discursou o ex-presidente, em manifestação na
avenida Paulista, em São Paulo. "Quem por ventura depredou o patrimônio -
que nós não concordamos com isso - que pague, mas essas penas fogem ao mínimo
da razoabilidade", completou
Bolsonaro
pediu aos deputados e senadores um projeto de anistia "para que seja feita
a justiça" e disse que no passado já receberam o benefício pessoas que
"fizeram barbaridades no Brasil".
"O que eu
busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar maneira de
nos vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados. É por parte do
Parlamento brasileiro (...) uma anistia para aqueles pobres coitadas que estão
presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais
vivos. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridades no Brasil. Agora, nós
pedimos a todos 513 deputados, 81 senadores, um projeto de anistia para seja
feita justiça em nosso Brasil", disse.
O ato em São
Paulo foi convocado após o ex-presidente ser um dos alvos da operação Tempus
Veritatis (hora da verdade, em latim) da Polícia Federal (PF) no último dia 8,
quando teve que entregar seu passaporte às autoridades. A PF apura a
participação do ex-presidente em uma articulação para dar um golpe de Estado
que impediria a realização das eleições de 2022 ou a posse de Lula.
Bolsonaro critica indiretamente Lula
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi citado indiretamente por Bolsonaro em
discurso na manifestação realizada na Avenida Paulista. Ele exaltou os
manifestantes e disse que é possível ver um time de futebol sem torcida ser
campeão, mas que não entende como existe um presidente sem o povo ao lado.
"Sabemos
como foi o período de 2019 a 2022, e estamos conhecendo agora como está difícil
vencer no País com quem temos a nos governar nesse momento", declarou.
"Não
queremos o socialismo para o nosso Brasil, não podemos admitir o comunismo em
nosso meio", pregou o ex-presidente.
Ex-presidente nega articulação golpista
O
ex-presidente afirmou, durante o ato, que sofre uma perseguição que recrudesceu
depois que deixou a Presidência no fim de 2022. Em um discurso para milhares de
apoiadores, o ex-mandatário negou liderar uma articulação golpista depois da
derrota nas eleições.
Ele minimizou
a existência da "minuta do golpe", da qual foi o mentor, segundo a
Polícia Federal. Segundo ele, estados de sítio e defesa estão previstos na
Constituição e só poderiam ser acionados depois de consulta a conselhos da
República e deliberação do Congresso, o que não ocorreu.
"Golpe é
tanque na rua, é arma, é conspiração. Nada disso foi feito no Brasil. Por que
continuam me acusando de golpe? Porque tem uma minuta de decreto de estado de
defesa. Golpe usando a Constituição? Deixo claro que estado de sítio começa com
presidente convocando conselho da República. Isso foi feito? Não", disse.
"É o
Parlamento quem decide se o presidente pode ou não editar decreto de estado de
sitio. O da defesa é semelhante. Ou seja, agora querem entubar em todos os nós
um golpe usando dispositivos da Constituição cuja palavra final quem dá é o
Parlamento", completou.
A manifestação
com milhares de pessoas foi convocada pessoalmente por Bolsonaro para mostrar
força política e apoio popular no momento em que ele e aliados são pressionados
por inquéritos da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele se
mostrou satisfeito com a adesão dos apoiadores e disse que a "fotografia
vai rodar o mundo".
"Estou
muito orgulhoso e grato por vocês terem aceito esse convite. Era para termos
uma fotografia para o mundo, uma imagem para o Brasil e para o mundo do que é a
garra e a determinação do povo brasileiro", destacou.
O
ex-presidente mencionou a derrota eleitoral dizendo que "aquela coisa que
aconteceu em outubro de 2022" deve ser considerada "página
virada".
Almoço no Palácio dos Bandeirantes
Três
governadores presentes no ato pró-Bolsonaro da Avenida Paulista almoçaram
juntos com o ex-presidente antes de irem à manifestação, no Palácio dos
Bandeirantes, sede do governo paulista.
Além do
anfitrião Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo (Republicanos),
estiveram presentes Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Jorginho Mello (PL),
de Santa Catarina. Os governadores almoçaram com Jair Bolsonaro e Rogério
Marinho (PL), líder da Oposição no Senado Federal, horas antes de irem ao
protesto.
"Em
defesa da liberdade e democracia", disse Rogério Marinho no X (antigo
Twitter), na legenda da publicação. Tarcísio, Zema e Mello são três das
principais autoridades políticas que marcaram presença no ato deste domingo.
Além deles, outro chefe de Executivo estadual presente na Paulista foi Ronaldo
Caiado (União Brasil), governador de Goiás.
Quando o ato
foi convocado por Bolsonaro, Jorginho Mello havia declarado que não poderia
comparecer ao protesto por estar fora do País. Ele antecipou seu retorno ao
Brasil para estar presente no ato.
Os
governadores ocuparam posição de destaque no palanque do ato. Tarcísio de
Freitas foi um dos primeiros a discursar, em fala repleta de elogios ao
ex-presidente.