Divulgação (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)
PSB é pressionado a voltar a
"blocão" de Lira com ameaça de retaliação e convite para Carnaval
Paralelamente, o PT persuade o PSB a acompanhá-lo. Houve uma
reunião entre os partidos para discutir o cenário na manhã desta quarta (7)
Descontentes com a decisão do PSB de sair do "blocão"
chefiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), integrantes do Centrão
agem para tentar trazer a sigla de volta. Há, no cenário, tanto a ameaça de uma
retaliação por parte de Lira como a possibilidade de uma solução diplomática,
durante o carnaval.
Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara, chamou
quase uma centena de deputados para ir às festas em Salvador. Entre eles há um
pessebista, que até voará junto com ele nesta quarta-feira (7).
O deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) pegará um avião
particular com Elmar de propriedade de uma empresa de táxi aéreo sediada na
capital baiana. O União, ao lado de PSDB, Cidadania, PDT, Solidariedade, PP e
Patriota, compõem o "blocão", maior bancada da Câmara, com 176
deputados. Sem o PSB, o grupo tem 162 deputados.
Pedro e Elmar se encontraram logo após uma reunião do próprio
PSB para definir o futuro do partido na Câmara. Restava a Pedro apenas arrumar
as malas antes de partir de Brasília. Os deputados optaram por adiar uma
definição para depois do carnaval.
Quatro possibilidades estão em discussão dentro do PSB: voltar
ao "blocão", integrar o outro bloco, composto pelo MDB, PSD,
Republicanos e Podemos, aliar-se ao PT ou ficar "num bloco do eu
sozinho", como definiu um parlamentar.
Partidos do Centrão se arranjaram em dois grandes blocos
partidários logo nos primeiros meses de atividade legislativa, em 2023.
A formação dessas grandes bancadas, com mais de uma centena de
deputados, garante às siglas que elas superem numericamente o PL e o PT,
garantindo vantagem na escolha de cargos na Mesa Diretora, na presidência de
comissões e na distribuição de vagas nas comissões.
No ranking estão, em ordem, o "blocão", com 162
deputados; o bloco MDB-PSD-Republicanos-Podemos, com 143 deputados; o PL, com
93 deputados, e a federação PT-PCdoB-PV, com 81 deputados.
Paralelamente, o PT persuade o PSB a acompanhá-lo. Houve uma reunião
entre os partidos para discutir o cenário na manhã desta quarta-feira.
Encontraram-se com a presidente petista, Gleisi Hoffmann (PR),
Pedro Campos; o presidente do PSB, Carlos Siqueira; o líder da sigla na Câmara,
Gervásio Maia (PB), o ex-deputado federal Alessandro Molon (RJ) e a deputada
federal Lídice da Matta (BA)
Há discordâncias entre os 14 deputados do partido. Existe uma
ala que defende a proximidade com Lira e um retorno ao "blocão" e
outro grupo que espera maior proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Quatro deputados não assinaram o requerimento de saída do
"blocão", apresentado na segunda-feira: Felipe Carreras (PE),
Guilherme Uchoa Junior (PE), Heitor Schuch (RS) e Luciano Ducci (PR).
"O problema é de todo dia. Somos agentes políticos. Isso se
contorna com política e diálogo", diz Felipe Carreras (PE), que foi líder
do PSB na Câmara em 2023. "É isso que estamos exercitando e vai ficar
muito tranquilo."
Carreras é uma das figuras mais próximas de Lira na Câmara e
atua para convencer o partido a tomar decisão contrária. Lídice, por outro
lado, defende a aliança com o PT.
Pessebista histórica, Lídice faz parte da longeva aliança do
partido com o PT na Bahia. Ela esteve presente neste último domingo (4), no ato
de filiação do senador Cid Gomes (CE) ao PSB, em evento que contou com a
presença do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
O evento consolidou ambos os partidos como principais potências
aliadas no Ceará e é visto como mais um sinal de fortalecimento da relação das
siglas.