Divulgação (Foto: Youtube/Jair Bolsonaro)
Jair Bolsonaro nega existência de "Abin
paralela" horas antes de operação da PF contra Carlos
Bolsonaro afirmou que o caso se trata de uma
"narrativa" e classificou o deputado federal Alexandre Ramagem
(PL-RJ) como "um cara fantástico"
Horas antes da deflagração da operação da Polícia Federal (PF)
que apura a existência de ligação entre o vereador do Rio de Janeiro Carlos
Bolsonaro (Republicanos) e supostas investigações ilegais promovidas na Agência
Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão bolsonarista, o
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou a existência de uma "Abin
paralela".
Durante uma live neste domingo (28), com os três filhos
políticos, Bolsonaro afirmou que o caso se trata de uma "narrativa" e
classificou o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) como "um cara
fantástico".
"Essa acusação em cima do Delegado Ramagem, um cara
fantástico.. Abin paralela porque o Bolsonaro admitiu? Aquela tal da sessão
secreta que o Supremo falou: 'tem que divulgar'. Era uma reunião com ministros.
Tinha a acusação de que ali estava a prova de que eu interferia na PF. E não
estava prova ali.
Em dado momento, eu falei: 'Eu não tenho inteligência da Abin,
da PF, da Marinha, da Aeronáutica'. Eu não tenho inteligência. Não chega nada
para mim. Quando eu falei da minha inteligência paralela, quem é minha
inteligência paralela? Está pegando fogo lá na Amazônia, eu ligo para o coronel
Menezes: 'Menezes, como está essa questão de fogo?' O cara fala pra mim",
afirmou.
Em reunião no Palácio do Planalto, a 22 de abril de 2020,
Bolsonaro confirmou a seus ministros que mantinha o serviço próprio de
informações e desdenhou do trabalho da Abin, da PF e dos centros de
inteligência das Forças Armadas. "Sistemas de informações: o meu funciona.
O meu, particular, funciona", disse "Prefiro não ter informação do
que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho".
Ao lado do pai na live deste domingo, Carlos Bolsonaro não se
manifestou sobre o tema. Nesta segunda-feira (29), pela manhã, a PF cumpriu
mandados de busca e apreensão na residência de férias do clã em Angra dos Reis
e em outros oito endereços, incluindo a casa de Carlos na zona oeste do Rio e o
gabinete do parlamentar na Câmara Municipal no âmbito da operação que apura
ligações do vereador em suposta espionagem ilegal na Abin.
A operação é um desdobramento da Operação Vigilância Aproximada,
que vasculhou 21 endereços no último dia 25. O principal alvo da ofensiva foi o
ex-diretor da Abin na gestão Bolsonaro e hoje deputado federal Alexandre
Ramagem. A investigação se debruça sobre a suspeita de que a Abin teria sido
usada ilegalmente para atender a interesses políticos e pessoais do
ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua família.
Segundo a PF, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão
Entre eles, em Angra dos Reis, onde o clã passa férias desde o início de
janeiro; na residência de Carlos na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio; no
gabinete do vereador, na Câmara Municipal do Rio; em Formosa (Goiás) e em
Salvador (Bahia).
Ao pedir autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para
fazer buscas em endereços ligados ao vereador Carlos Bolsonaro, a PF afirmou
que ele fez parte do "núcleo político" do grupo que teria se instalado
na Abin no governo do ex-presidente. A PF chama os investigados de
"organização criminosa" e vê indícios de espionagem ilegal e
aparelhamento dos sistemas de inteligência.
O vereador ainda não se manifestou. A Polícia Federal apreendeu
computadores e o celular dele nesta segunda.
A conversa foi descoberta a partir da quebra do sigilo
telefônico e de mensagem de Ramagem na Operação Vigilância Aproximada. Segundo
a Polícia Federal, o ex-diretor da Abin teria "incentivado e
acobertado" o suposto esquema de arapongagem.