Divulgação (Foto: CMS)
Com Muniz no comando, CMS se movimenta para tentar barrar
construção de espigões em Salvador
Projetos enviados por vereadores visam a criação de locais de
utilidade pública onde seriam construídos os espigões
Sob inúmeras críticas de moradores locais, da população
soteropolitana e de ativistas ambientais, a construção de três torres de 18
andares na praia do Buracão, no Rio Vermelho, movimentou o cenário político na
Câmara Municipal. Isso porque o presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), vem
assumindo protagonismo em um projeto que pode acabar barrando a construção dos
edifícios.
O PL 318/2023, de autoria de Muniz, pretende tornar o espaço
onde será construído o empreendimento uma área de utilidade pública, "para
fins de desapropriação dos imóveis localizados no bairro do Rio Vermelho, na
Rua Barão Vermelho". A proposta é que dois imóveis da região - de números
274 e 292 - deem espaço a um estacionamento público para melhorar o acesso à
praia. Enquanto isso, o imóvel de número 218 seria desapropriado para a
construção de uma praça de frente para o mar.
No projeto, o presidente ressalta que "se tratando de praia
popular e muito visitada pelos baianos e turistas, faz-se necessário a
implantação de um estacionamento público e uma praça pública, tendo em vista a
falta desses serviços por todos aqueles que por ali passam". Com isso, o
projeto evitaria a construção das torres que viraram alvo de moradores e
ambientalistas, que alegam riscos à balneabilidade da praia e,
consequentemente, à economia do local.
A previsão é que o projeto seja debatido na Casa assim que os vereadores
retornarem do recesso de final de ano, no dia 19 de fevereiro. O texto deve ser
encaminhado pelo vereador ao Conselho Nacional de Justiça (CCJ) logo neste
retorno, após o período carnavalesco.
Essa não é a única ação da CMS que pode coibir a construção de
grandes torres em prol de benefícios para a coletividade. O projeto de lei nº
319/2023, de autoria do vereador Hélio Ferreira (PCdoB), também teria um
resultado semelhante. Ele propõe a desapropriação e transformação em área de
utilidade pública do imóvel da família Cunha Guedes, no bairro da Graça. O
espaço é utilizado há anos pela Feira da Fraternidade, mas virou alvo de um projeto
para mais um espigão na cidade. Moradores criticam a construção do prédio,
alegando que, além de acabar com a feira, ele tiraria a privacidade ou vista
marítima de outros edifícios.
O projeto propõe a construção de um parque na área. A explosão
no número de projetos de grandes prédios em Salvador já foi tema do Jornal
Metropole e é alvo de críticas de especialistas. O diretor
do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-BA), Daniel Colina, por exemplo,
defendeu, ao jornal, a necessidade de que projetos de verticalização sejam
debatidos com a sociedade: "Apesar de ser um setor [imobiliário] que cria
empregos, tem que ser debatido como manda a lei, porque tem lei para
isso".