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Câmara aprova projeto que tributa apostas
esportivas com cassinos online
Proposta, que aguarda sanção presidencial, reintroduz taxação e
enfrenta resistência evangélica
O Projeto de Lei que regulamenta a tributação das apostas
esportivas foi aprovado na madrugada desta sexta-feira (22), pela Câmara dos
Deputados. A proposta reintroduz a taxação de jogos e apostas online como
cassinos virtuais, anteriormente excluídas pelos senadores, sendo retomada pelo
relator Adolfo Viana (PSDB-BA). Foram 292 votos favoráveis, 114 contrários e
uma abstenção. A proposta agora vai à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
Apesar dos esforços da bancada evangélica para excluir a
tributação dos cassinos virtuais do projeto, a tentativa foi frustrada. De
acordo com informações do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo
Estado, os membros religiosos se manifestaram como opondo-se integralmente à
regulamentação dos jogos online, baseando-se em questões morais e ideológicas,
conforme relatado por deputados da bancada.
A frente parlamentar trabalhou junto ao presidente da Câmara,
Arthur Lira (PP-AL), para adiar a análise do texto para o ano que vem.
"Não podemos, no afã de achar que vai se arrecadar
impostos, legalizar a mazela social da desgraça de jogos de azar no país. O que
está em jogo a partir de agora é o pão na mesa do pobre, da viúva, dos
pensionistas e dos aposentados, que não podem ficar viciados. O que está em
jogo é um presente de grego de Natal aos brasileiros", disse, no plenário,
o deputado evangélico Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Arthur Lira, no entanto, defendeu a interlocutores que a taxação
de cassinos virtuais deveria ser retomada. Ele argumenta que a tributação
apenas das apostas esportivas corresponde a 20% da arrecadação do mercado de
jogos, enquanto 80% da receita do ramo advém dos jogos e apostas virtuais, como
cassinos. O político de Alagoas destaca a urgência de regularizar um setor já
consolidado, que atualmente não contribui com impostos e propicia a criação de
empregos informais.
Os parlamentares acataram um destaque (sugestão de mudança
ao texto-base) em acordo com o relator, que permite que a Caixa Econômica
Federal opere apostas de quota fixa conforme autorização definida pelo
Ministério da Fazenda. Na quota fixa, os apostadores sabem exatamente qual é a
taxa de retorno no momento em que fazem a aposta.
Veja as taxas
A legislação aprovada estipula que as empresas do ramo serão
tributadas em 12% sobre a receita bruta dos jogos, deduzindo os prêmios pagos
aos apostadores, conhecido como GGR (gross gaming revenue, em inglês), conforme
proposto pelos senadores. Inicialmente, a Câmara havia proposto uma alíquota de
18%.
O projeto também definiu em 15% a taxa cobrada dos apostadores
sobre os ganhos superiores a R$ 2.112. No primeiro texto aprovado pelos
deputados, o valor era de 30%. O relator também conservou sistemática do
cálculo da taxação para que seja feita de forma anualizada, como proposto pelo
Senado, e não prêmio a prêmio.
Também foi derrubado pelos deputados um artigo incluído pelo
Senado que igualava a cobrança de imposto sobre o lucro das empresas dos
chamados fantasy sports (jogos de fantasia) às outras apostas online. Pelo
texto aprovado, essa modalidade vai continuar pagando 9% de Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL), e não os 12% sugeridos pelos senadores.
Viana também acatou a sugestão de que a outorga concedida às
empresas para exploração do setor de apostas terá duração de até cinco anos, e
não os três anos que foram incluídos pela Câmara.
O valor estipulado a título de outorga fixa ficou limitado a R$
30 milhões, considerado "o uso de três marcas comerciais a serem
exploradas pela pessoa jurídica em seus canais eletrônicos por ato de
autorização". O relator também manteve a proibição dos chamados
caça-níqueis.
O relator também disse em plenário que aceitou uma mudança
proposta pelo líder do PT, Zeca Dirceu (PR), para permitir que o sócio ou acionista
controlador de empresa de apostas possa ter participação, direta ou indireta,
em instituições financeiras e de pagamento.
Arrecadação
O projeto dos jogos faz parte do pacote de medidas
arrecadatórias do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para atingir a meta de
déficit zero nas contas públicas no ano que vem.
Inicialmente, a equipe econômica previa arrecadar em torno de R$
700 milhões em 2024 com a medida, mas a inclusão dos cassinos virtuais deve
aumentar esse valor. As estimativas chegam a R$ 12 bilhões em um mercado
totalmente regulado.