Divulgação (Foto: Paulo Pinto/Agência PT)
PT
acusa Israel de discriminar o Brasil por não liberar saída de brasileiros
retidos em Gaza
A retirada de estrangeiros começou na quarta-feira e por três
dias seguidos não incluiu nenhum brasileiro no grupo
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, criticou nesta
sexta-feira, 3, o governo de Israel por não incluir o grupo de cerca de 30
brasileiros retidos na Faixa de Gaza à espera de uma autorização para deixar o
território palestino em meio à guerra entre os israelenses e o grupo palestino
Hamas.
A retirada de estrangeiros começou na quarta-feira e por três
dias seguidos não incluiu nenhum brasileiro no grupo. Desde os atentados do
Hamas contra Israel, em 7 de outubro, o governo tenta, sem sucesso, tirar os
brasileiros de Gaza.
Segundo Gleisi, Israel discrimina o Brasil e não apresenta
nenhuma justificativa para isso. A deputada ainda acusou Tel-Aviv de elaborar
as listas de saídas de estrangeiros de Gaza com base em uma 'hierarquia política'.
"O governo israelense sinaliza que estabeleceu uma
hierarquia política para a liberação de civis, privilegiando alguns países em
detrimento de outros", disse Gleisi em sua conta no X, o antigo Twitter.
" Da mesma forma que defendemos a libertação dos reféns israelenses, não
podemos admitir que civis brasileiros permaneçam ameaçados numa região sob
massacre militar. Liberdade já para os brasileiros(as) em Gaza."
Pela terceira vez o governo israelense negou a saída de cidadãos
e cidadãs brasileiros ameaçados pelo massacre contra população civil na Faixa
de Gaza. E não apresentou qualquer explicação para essa atitude que discrimina
um país, o Brasil, que tem históricas relações com o.
Em outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou em
mais de uma oportunidade a retaliação de Israel ao Hamas pelos ataques
terroristas do início daquele mês. Lula chegou a qualificar a ação israelense
de 'genocídio'.
Apesar disso, a diplomacia brasileira diz que não há retaliação
política na elaboração das listas, feitas em conjunto por Israel e Egito, após
um acordo mediado no início da semana com auxílio de Estados Unidos e Catar.
Como exemplo de que não haveria 'má vontade', o embaixador
brasileiro em Israel Frederico Meyer citou à TV Globo o exemplo da Indonésia,
um país de maioria muçulmana e sem relações com Israel, e que teve seus
nacionais incluídos em uma das listas iniciais.
Em média, cerca de 500 pessoas deixam Gaza por dia. Há
estimativas de 5 mil estrangeiros ou palestinos com dupla nacionalidade querendo
deixar o território. Nos primeiros dias, a prioridade foi dada a europeus,
americanos e cidadãos de países muçulmanos.
A passagem de Rafah para a retirada de estrangeiros ou
palestinos com dupla cidadania, além de feridos em estado grave está aberta desde
o dia 31.
O primeiro grupo, que reunia 450 cidadãos de alguns países
europeus e da Austrália, além de trabalhadores de agências humanitárias, deixou
Gaza na quarta-feira. Na quinta pela manhã, um segundo grupo, composto
majoritariamente por americanos, cruzou o posto de Rafah em direção ao Sinai.
Um terceiro grupo deixou Gaza na terça, mais uma vez, sem brasileiros.
Segundo diplomatas brasileiros, há uma indefinição sobre de quem
é a palavra final na montagem das listas: se das autoridades israelenses ou
egípcias. Desde ontem, o chanceler Mauro Vieira, de acordo com o Itamaraty, tem
feito gestões junto aos envolvidos nas negociações para que os brasileiros
sejam envolvidos nos próximos grupos.
Apesar disso, ainda segundo esses diplomatas, não há uma
previsão.