divulgação (Foto: Reprodução)
"Queria mudar a realidade dele. Fiquei arrasada", diz
professora de jovem morto em operação na Gamboa
Vítima de 16 anos foi seu aluno quando foi estagiária no colégio
Estadual Ursula Catharino, no Centro da cidade
A morte
de três jovens, assassinados
durante uma operação da Polícia Militar, no bairro da
Gamboa, em Salvador, deixou muitas pessoas desoladas. Uma destas foi a
professora de língua portuguesa Mariana Barros, de 24 anos. Uma das vítimas, de
16, foi seu aluno quando foi estagiária no colégio Estadual Ursula
Catharino, no Centro da cidade.
Por
interesses em comum, Mariana criou um forte laço com o adolescente, que, pela
"atuação violenta da polícia", foi rompido de forma abrupta.
"Tenho memórias muito vivas dele, era um dos mais próximos a mim. A
gente conversava sobre candomblé porque ele era da religião e eu também
sou uma mulher de axé. Também falávamos sobre tatuagem, entre outras
coisas", recorda.
Mariana
conta, entre lágrimas, que, ao receber a notícia da morte do seu aluno, sentiu
na pele o sofrimento. "Perdi o meu chão. Estava com amigos na praia e
desabei, chorei muito, não tive outra reação. Saber da notícia que um aluno meu
foi assassinado, mais um adolescente negro, da periferia... A gente
não suporta mais, está cansado disso",
relata. "Poderia ter sido eu ou alguém da minha familia",
conclui.
Para a professora, a perda dói ainda mais porque ela tentou, com
as suas aulas, possibilitar um futuro melhor aos seus alunos.
"Ele era extremamente carinhoso, comunicativo, tinha os amigos dele.
Independentemente dele ser envolvido em algo, não importa. Dentro da escola, ele
era o meu aluno. E uma das minhas missões era mudar realidade dele,
despertar a vontade de viver, de sonhar com um futuro melhor. É terrível ver
isso acontecer com alguém que a gente tentou ajudar de alguma
forma. Queria mudar a realidade dele. Fiquei arrasada", exprime.