divulgação (Foto: Reprodução)
Família de barbeiro preso há 4 meses realiza ato em frente à delegacia
do Rio Vermelho
Jovem foi detido por suspeita de participação em um assalto a um
restaurante, em setembro passado
Há mais de cem dias, o comerciário Gerson da Silva Lopes, 47 anos, tenta
provar a inocência do filho, o barbeiro Luan Bruno Barbosa, 22 anos – preso
por suspeita de participação em um assalto realizado em setembro passado, no
Rio Vermelho, em Salvador. À reportagem, o pai assegura que o jovem não esteve
na cena do crime e diz que busca evidenciar que a manutenção da prisão é
reflexo de racismo.
"Meu filho foi espancado durante o depoimento, os próprios
meliantes livraram ele da responsabilidade. Mas, como somos negros, pobres,
marginalizados, ele continua no xadrez", lamenta. A família de Luan se
reúne em frente à 7ª Delegacia (Rio Vermelho), no final da manhã desta
quarta-feira (2). O pai afirma que os responsáveis pelo roubo, igualmente
detidos, são amigos de infância de Bruno.
Procurada pela reportagem, a Polícia Civil ainda não retornou o
contato.
Lopes explica ao Metro1 que o filho foi detido em
flagrante em 24 de setembro de 2021. Ele estava na barbearia de sua
propriedade, na localidade do Vale das Pedrinhas, no Complexo de Amaralina,
quando uma equipe da polícia chegou ao local. Lá, encontraram dois iPhones
roubados. Os aparelhos pertenciam a clientes de um restaurante
assaltado horas antes.
Crime
Os responsáveis pelo crime são identificados por Gerson como Matheus e Diego
dos Santos – conhecidos da família de Bruno. "Os dois
moram próximo da gente. Conheço desde pequenos, mas não sabíamos que eles
estavam envolvidos com isso, meu filho não imaginava", conta.
Matheus, além de amigo, era sócio de Luan na barbearia e, por isso,
tinha livre acesso ao local. Ao chegar no estabelecimento, contudo, os
policiais encontraram o barbeiro. "Os agentes rastrearam os celulares. Meu
filho disse que não tinha nada a ver, os clientes também, ainda assim ele foi
levado para a delegacia, onde tomou um tapa do próprio delegado", acusa o
comerciário.
Gerson relata que Diego e Matheus afirmaram, em depoimento, que
Luan não participou do crime. Na audiência de custódia – obrigatória
em flagrantes –, o juiz deliberou pela conversão à prisão
preventiva. O barbeiro está detido na Cadeia Pública de Salvador, no bairro de
Mata Escura.
Responsável pela defesa de Luan desde o primeiro momento, o advogado
Lucas Cavalcanti comenta que solicitou, também nesta quarta, a revogação da
preventiva. "Não existem elementos que justifiquem a manutenção da prisão.
A liberdade é a regra, a prisão é a exceção, sobretudo quando não há
setença", pontua Lucas, ao acrescentar que a decisão cabe à 3 ª Vara
Crime.
O pai do jovem enumera tentativas de provar que o filho não é ladrão:
"Fui à corregedoria, procurei a imprensa, conversei com policiais e
delegados. Cheguei até a ser ameaçado por isso". Incansável, Gerson
não pretende parar.