divulgação (Foto: Reprodução)
Mais de 20 dias após denúncia de racismo, mãe diz que não teve acesso às
câmeras de segurança do supermercado
Vitória Dimas também afirmou que Grupo Carrefour, que administra
estabelecimento, ainda não a contatou
Mais de
20 dias após uma denúncia
de racismo contra um menino de 8 anos dentro do supermercado Atacadão,
em Cajazeiras, a mãe da criança se queixou da demora da tomada de providências
tanto da Justiça, quanto do estabelecimento, administrado pelo grupo Carrefour.
A
situação aconteceu no dia 30 de novembro (mês da Consciência Negra), quando a
criança foi abordada por uma funcionária do estabelecimento, que, ao vê-la com
um pacote de macarrão instantâneo nas mãos, perguntou se ele ia pagar pelo
produto ou se iria roubá-lo. Na ocasião, a mãe, Vitória Dimas, 22, solicitou as
imagens das câmeras de segurança, mas o seu pedido foi recusado pelo gerente do
supermercado.
“Ainda
não solicitaram as imagens das câmeras, os responsáveis não foram intimados
para serem ouvidos. Está tudo parado”, lamenta Vitória. “Eu esperava que as
imagens fossem solicitadas mais rapidamente, só assim a gente conseguiria
avançar nesse processo”, continua.
A
mãe também afirma que, desde que denunciou o caso até então, não foi contatada
pelo estabelecimento, nem pelo Grupo Carrefour. “Nunca falaram comigo, eu
esperava pelo menos um apoio, uma conversa. Mas em momento nenhum me
procuraram. Eles fizeram pouco caso”, conta.
O advogado que acompanha o caso, Ivonei Ramos, voltou a
reclamar do descaso da polícia. “Estive na delegacia no início
da semana passada e a delegada me afirmou que até quinta-feira passada o
procedimento seria concluído, não tendo ainda me dado acesso aos autos, mesmo
eu tendo procuração”, revela.
“Sem
vistas às imagens e sem acesso ao procedimento, fico impedido de defender os
interesses da minha cliente, o que fere minhas prerrogativas enquanto
advogado”, se queixa. Diante da morosidade das autoridades, ele afirma que irá
protocolar uma notícia crime para apuração de injúria racial e, caso a delegada
continue negando o acesso, ele diz que entrará com uma representação contra
ela, junto à corregedoria da Polícia Civil.
“A
gente está tentando fazer o possível para adiantar o caso, mas por causa do
recesso de final do ano, a gente vai começar a tomar medidas quando iniciar o
mês de janeiro”, finaliza Vitória.
Procurada anteriormente pelo Metro1,
a PC afirmou que as imagens das câmeras de segurança foram solicitadas na
última quarta-feira (8), por meio de ofício direcionado ao Atacadão,
supermercado do Grupo Carrefour. "O depoimento especial do garoto já foi
realizado e a oitiva do suspeito também já está agendada", disse a
organização em nota.
Em resposta ao Metro1,
o Grupo Carrefour informou que já entregou as imagens para a polícia e que está
cooperando com as investigações desde o início. Questionados sobre algum tipo
de punição ao funcionário que teria agido de forma racista, a empresa afirmou
que vai aguardar a conclusão da investigação policial para verificar como irá
atuar diante do episódio.