divulgação (Foto: Leandro Aragão / Bahia Notícias)
Relatório da CPI
que culminou em operação da PF pede investigação de dono do Bahia de Feira
O presidente do
Bahia de Feira, Jodilton Souza, é um dos citados no relatório final da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Contratos da Saúde Municipal, que culminou
na deflagração da operação No Service, da Polícia Federal, na manhã desta
quinta-feira (4), em Feira de Santana (veja aqui e aqui).
A comissão apontou supostas
ilegalidades em contratos firmados pela gestão feirense com cooperativas de
terceirização de mão de obra e outras irregularidades envolvendo outras
empresas do setor de saúde, uma delas o Hospital de Traumatologia e
Ortopedia (HTO), cujo sócio-administrador é o dirigente do clube de futebol.
De acordo com o documento,
Jodilton foi o responsável por adquirir as cotas do secretário de Saúde Marcelo
Britto, que se desfez da sua participação no quadro societário do HTO em 2021,
através de uma venda que teria sido simulada, intermediada pela cunhada do
titular da pasta, Maria José da Veiga Marcelino.
A negociação aconteceu, indicou a
CPI, por um montante muito abaixo do valor de mercado, por R$ 17 mil cada uma.
À época, Marcelo - agora afastado - estava prestes a ser nomeado como
secretário no governo do prefeito Colbert Martins (MDB) e, por conta do
credenciamento que o hospital tinha com o Sistema Único de Saúde (SUS), não
poderia manter contrato com o município nem ser sócio de empresa que o tivesse.
Segundo a investigação da Câmara
Municipal, a simulação da venda "se revelou uma saída fácil, para, de
dentro da secretaria de saúde [Britto pudesse] conduzir o esquema criminoso,
vez que, a pasta, é de ordenadora de despesas, e o cargo de secretário lhe
dá o status e o poder de gerir o fundo municipal de saúde com seus mais de R$
400 milhões por ano".
Ao Bahia Notícias, o relator da
CPI, o vereador Ivamberg Lima (PT), disse que a comissão agora espera da
Polícia Federal e da Receita Federal a quebra do sigilo bancário dos envolvidos
para que seja esclarecida a dimensão real da operação financeira.
Durante o processo, acusa o
parlamentar, contradições dão indícios da ilegalidade da movimentação.
"Pelo que ele [Marcelo Britto] diz, eram dez cotas e cada uma foi vendida
por um valor em torno de R$ 15 mil. Mas, numa outra oitiva, ele disse que
o valor do patrimônio era de R$ 17 milhões. Como um patrimônio desse valor pode
ser vendido por cerca de R$ 15 mil?", provocou.
Em contato com o BN, Jodilton afirmou que não
tinha conhecimento dos pormenores envolvendo a aquisição das
cotas. "Quem negociou a compra foi o meu jurídico",
justificou.
Também procurada, a assessoria da
Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia afirmou que, por ordens
do setor de comunicação de Brasília, a corporação não está autorizada a
ceder entrevistas. Conforme justificou a instituição, por conta da proximidade
com as eleições, as equipes estão em "defeso eleitoral".