Divulgação (Foto: reprodução)
Professores de Iaçu denunciam atraso em obra
e "extrema insalubridade" em escola do estado
Em carta aberta destinada ao Governo do Estado, os profissionais
dizem ainda que as obras, que estão há mais de um ano em atraso
Os professores do Colégio Estadual Lauro Farani Pedreira de
Freitas, na cidade de Iaçu, distante 280 km de Salvador, denunciaram
"insalubridade de proporções extremas" decorrentes de obras
inacabadas na instituição. Em carta aberta destinada ao Governo do Estado, os
profissionais dizem ainda que as obras, que estão há mais de um ano em atraso,
impossibilitam a realização de "quaisquer atividades pedagógicas e
educacionais".
O corpo pedagógico rebateu, ainda, fala do governador Jerônimo
Rodrigues, em que dizia que 'escola que reprova está, ela própria, reprovada'.
"Ocorre, excelentíssimo, que, numa escola onde não há a mínima
possibilidade de ensinar, não poderá, sequer, aprovar aluno nenhum, face à
inexequibilidade do processo educacional, pois uma escola jamais poderá cobrar
aquilo que não tem a chance de proporcionar dignamente", dizem, em nota.
Confira a nota completa:
"Nós, professores do
Colégio Estadual Lauro Farani Pedreira de Freitas, localizado na cidade de
IaçuNTE14, viemos a público externar nosso profundo descontentamento com as
condições de trabalho em nossa instituição, dada a insalubridade que,
alcançando proporções extremas, impossibilita o desenvolvimento de quaisquer
atividades pedagógicas e educacionais.
O Colégio Lauro Farani
foi contemplado com duas grandes obras: a ampliação da escola, com a construção
de novas salas e outros equipamentos educacionais, bem como a reforma da
estrutura antiga, onde eram ofertadas as aulas e desenvolvidas as demais
atividades relacionadas ao ensino e aprendizagem. Entretanto, o que era para
ser algo bom para a escola e toda a comunidade, tornou-se um grande problema.
As obras do pavilhão novo
não foram encerradas (estão com mais de um ano de atraso) e as antigas salas
estão em processo de reforma, concomitantemente às aulas. Tal cenário obriga
professores e alunos a tentarem desenvolver suas atividades num ambiente
completamente inadequado, para não dizer impossível. Ao manter a escola em funcionamento,
precisamos lidar com o barulho de britadeiras, serra mármores, marteletes e
furadeiras que estão quebrando paredes, retirando pisos, isto é, executando os
procedimentos próprios de uma construção e uma reforma.
O barulho, contudo, não é
o único inconveniente, como também a poeira e a sujeira que se espalham por
todo o espaço. Some-se a isso salas, em sua maioria, com mais de quarenta
alunos, sem ventilação natural e sem ventilador, no momento de calor que
estamos atravessando. Algo que, aliás, tem levado alunos e professores a
passarem mal durante as aulas, sobretudo, no turno da tarde.
Ademais, praticamente
todo o espaço está tomado por entulho e materiais de construção, com pedaços de
bloco, pedras e madeira espalhados por todo o espaço, colocando em risco alunos
e professores, e que podem, consequentemente, causar acidentes.
Reconhecemos que a gestão
da escola tem feito todo o esforço possível para realocar salas e manter as
atividades. Recentemente, optamos pela estratégia de escalonamento de turmas
para aulas presenciais e remotas (com atividades e estudos dirigidos), pela
falta de salas de aula. Estamos sem sala de coordenação para o desenvolvimento
dos planejamentos, sem sala de direção e sem sala de professores:
encontramo-nos amontoados e apertados em espaços completamente inadequados.
Isso sem falar na ausência de banheiros minimamente aceitáveis (muitas vezes
compartilhado entre alunos e professores) e a merenda sendo preparada em uma
cozinha improvisada, junto à despensa.
Por diversas e incontáveis
vezes, quando conseguimos iniciar as aulas, precisamos interrompê-la, haja
visto que não é possível competir com tanto barulho de construção em salas
superlotadas, com calor ao extremo, além de toda sujeira proveniente da obra.
Fica a impressão de que nós, professores, somos obrigados a desenvolver nossas
atividades sem quaisquer condições mínimas, comprometendo a própria educação, o
fulcro da nossa profissão, além da nossa saúde física e mental.
Recentemente, o
governador Jerônimo Rodrigues falou, numa entrevista, que a escola que reprova
está, ela própria, reprovada. Ocorre, excelentíssimo, que, numa escola onde não
há a mínima possibilidade de ensinar - estando ela mesma reprovada pelas
condições que apresenta -, não poderá, sequer, aprovar aluno nenhum, face à
inexequibilidade do processo educacional, pois uma escola jamais poderá cobrar
aquilo que não tem a chance de proporcionar dignamente: o conhecimento.
Diante do exposto,
solicitamos ao Governo do Estado da Bahia e à Secretaria de Educação medidas em
caráter de urgência, como a entrega do novo pavilhão, a disponibilização de um
outro espaço para o desenvolvimento das atividades ou a retomada do ensino
remoto por período determinado, caso as alternativas anteriores não se mostrem
possíveis.
Nossa principal luta é
pela educação de qualidade - uma bandeira almejada pelo Estado da Bahia -, cujo
desenvolvimento só é possível quando há mínimas condições de trabalho".