Divulgação (Foto: Luiz Fernando Pacheco/STF)
Não foi só no julgamento do 8 de janeiro que advogados passaram
vexame no STF, relembre outros episódios
A sessão no STF, que julgou os primeiros réus por participarem
dos atos golpistas, foi marcada por “show de horrores” por parte dos advogados
A sessão
no Supremo Tribunal Federal (STF), que julgou os primeiros réus por
participarem dos atos golpistas do 8 de janeiro, também foi marcada por “show de
horrores” por parte dos advogados. No entanto, essa não foi
a primeira vez em que as sustentações orais das defesas terminaram em vexame.
Ameaça
Um dos casos mais célebres envolvendo a participação de
advogados no plenário da mais alta Corte do país foi quando o então presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, expulsou o advogado Luis
Fernando Pacheco. A situação aconteceu em 2009, quando ele defendia o
ex-presidente do PT no mensalão, José Genoíno.
Pacheco ameaçou o ministro “se tivesse uma arma, daria um tiro
na cara do presidente [do STF]”. Na época, testemunhas disseram à Secretaria da
Presidência que Luis Pacheco estava “visivelmente alcoolizado”
Defesa
da liturgia
Em 2019, o então ministro Marco Aurélio Mello atuou como a
“polícia da liturgia” e repreendeu dois advogados que utilizaram “você” como
pronome de tratamento ao invés do “vossa excelência”.
Em sua sustentação oral, o advogado Renato Nunes afirmou: “Em
toda a minha vida profissional, o pedido de justiça que estou fazendo aqui para
vocês, excelências”. E o ministro repreendeu indignado.
Na mesma sessão, a atual presidente da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) da Bahia, Daniela Borges, não aprendeu a lição e cometeu o mesmo
deslize: “Inclusive, queria confessar aqui para vocês que nessa causa se
discute a ausência de cumprimento...”
“Presidente, novamente, advogado se dirige aos integrantes do
tribunal como vocês. Há de se observar a liturgia!”, reclamou Marco Aurélio.
Bíblia
ou Constituição
No contexto da pandemia da Covid-19, o Supremo julgou uma ação
sobre a liberação da reabertura dos templos religiosos. Durante a sua fala, o
advogado Luiz Gustavo Pereira embasou sua argumentação em trechos da bíblia e
sugeriu que os “ministros não sabem o que fazem”.
"Para aqueles que hoje votarão pelo fechamento da Casa do
Senhor, cito Lucas 23:34: 'Então ele ergueu os olhos para o céu e disse: 'Pai,
perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem', afirmou.
Então presidente do STF, Luiz Fux repreendeu por citar trechos
da Bíblia, e não a Constituição Federal. "Nossa missão como juízes
constitucionais, além de guardar a Constituição, é lutar pela vida e pela
esperança. Eu repugno essa invocação graciosa da lição de Jesus",
acrescentou.
“Isso
aqui não é um jogo de futebol”
Em 2021, um advogado quis chamar a atenção para o comportamento
desrespeitoso de alguns colegas que estavam "revirando os olhos"
enquanto o ministro Kássio Nunes Marques falava. No entanto, se ele quis sair
de “‘bom-moço”, a tentativa foi falha. Os ministros reprovaram o pedido da
palavra.
Presidente da sessão, Alexandre de Moraes disse que a Corte não
precisava de advogado para defender os ministros. “É difícil ser interrompido
no meio do voto. Eu acho que o respeito ao tribunal vem faltando em alguns
momentos por alguns advogados. Os advogados têm todo o respeito da Corte, nós
ouvimos com atenção as sustentações orais e agora eu espero a mesma atenção no
julgamento. Isso não é jogo de futebol para cada um gritar, falar no momento
que queiram”, afirmou.
Na
brincadeira
Não é sempre que os advogados são repreendidos após uma confusão
na tribuna. Em 2021, o advogado Alberto Toron confundiu o título de
magistratura de Marco Aurélio, se referindo a ele como “desembargador”’, e não
como “ministro”.
A fala foi interrompida, mas Aurélio estava de bom humor e só
brincou. "É uma honra muito grande ser apontado como desembargador".
Alberto Toron então respondeu: "Eu falei desembargador?! Tem dias que a
gente dá uma viajada".
Marco Aurélio ainda brincou: "Em que Tribunal de Justiça V.
Exa. me colocaria?". Toron: "No melhor, no melhor!".