divulgação (Foto: Reprodução)
MPT condena
Sisalândia Fios Naturais em R$1 milhão por exportar trabalho escravo
O
Ministério Público do Trabalho (MPT) condenou, através de uma ação civil
pública, a empresa Sisalândia Fios Naturais, a pagar R$1 milhão por comprar
sisal produzido com o uso de trabalho análogo ao de escravos. A sentença é um
marco na luta contra o trabalho escravo na cadeia produtiva do sisal, fibra
natural extraída artesanalmente de um cacto, em um processo perigoso e
responsável por muitas mutilações. A Sisalândia recorreu da decisão.
Para
o procurador Ilan Fonseca, apesar de ainda ser passível de recurso, a sentença
é um marco no combate ao trabalho escravo no país, porque deixa clara a
responsabilidade do grupo econômico que se beneficia em sua cadeia produtiva da
prática ilegal do trabalho escravo. “Esse é um sinal claro para as grandes
marcas de que a Justiça brasileira reconhece a responsabilidade de quem se
beneficia de práticas que violam os direitos humanos”, afirma.
O
processo também contou com atuação da procuradora Juliana Corbal. Ela reforça
que a decisão obriga a empresa a respeitar 27 obrigações legais sob pena de
multa de R$20 mil por cada descumprimento detectado. A procuradora ressaltou
que o caso que resultou na ação judicial ocorreu em 2020, quando 12 pessoas
foram resgatadas na Fazenda Ouro Verde, no município de Várzea Nova, na Chapada
Diamantina. Após o resgate, o MPT seguiu com um inquérito que concluiu que Jean
Clebson Araújo Magalhães, identificado inicialmente como o empregador dos
resgatados, era um intermediário. Magalhães fazia a ponte entre a etapa rural e
urbana do beneficiamento do sisal, a estocava e depois enviava para a
Sisalândia.
Pela
decisão, proferida no início de agosto pelo juiz substituto da Vara do Trabalho
de Conceição do Coité, Carlos José Souza Costa, o valor de R$1 milhão que a
empresa deverá pagar pelos danos morais causados será destinado para
instituições públicas ou entidades sem fins lucrativos indicadas pelo MPT.
Nesses casos, o órgão busca usar os recursos na região onde ocorreram as
ilegalidades e de forma a ajudar a comunidade afetada diretamente. O juiz
também deixou claro na sentença que a Sisalândia terá de promover mecanismos de
controle permanente para evitar que haja trabalho escravo em sua cadeia
produtiva novamente.