divulgação (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Ministérios da
Defesa e da Justiça ignoram pedido de audiência sobre desaparecidos no AM
Os
ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública ignoram, há três dias,
um pedido de audiência feito por 11 organizações para falar sobre o
desaparecimento do indigenista licenciado da Funai Bruno Pereira e do
jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, no
Amazonas.
A
solicitação foi realizada na manhã de terça-feira (7) por entidades que atuam
na defesa da liberdade de imprensa e de expressão, como Repórteres sem
Fronteiras, Instituto Vladimir Herzog e Abraji (Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo). Em resposta, os signatários tiveram apenas uma
acusação de recebimento e de análise.
Ao
tentar contato com as pastas da Defesa e da Justiça, as organizações ouviram
que não há nem sequer previsão para que as audiências sejam realizadas.
"Não
há qualquer sinalização de interlocução do governo brasileiro com nossas
organizações, tampouco uma demonstração de efetiva preocupação com o destino de
Dom Phillips e Bruno Pereira. Para o presidente Jair Bolsonaro, ambos teriam se
metido indevidamente em uma 'aventura'", dizem, em nota.
O
pedido de audiência também é assinado pelas entidades Instituto Tornavoz,
Intervozes, Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil
(Acie), Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Artigo 19, Comitê para a
Proteção dos Jornalistas (CPJ), Federação Nacional dos Jornalistas e Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
O
indigenista e o jornalista inglês desaparecerem no último domingo (5), quando
transitavam pelo Vale do Javari rumo à cidade de Atalaia do Norte (AM).
O
governo brasileiro tem sido criticado pela omissão das autoridades e pela falta
de uma força-tarefa dedicada à operação de busca. A Terra Indígena Vale do
Javari é frequentemente alvo de invasões de garimpeiros ilegais.
Na
quinta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que as chances de
encontrar o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Philips
diminuem a cada dia e que lamenta "pelo pior", embora peça a Deus
para que estejam vivos.
"Agora,
eles entraram numa área, não participaram a Funai [Fundação Nacional do Índio].
Tem um protocolo a ser seguido, e naquela região normalmente você entra
escoltado. Foram para uma aventura. A gente lamenta pelo pior", afirmou o
mandatário em Los Angeles, onde participa da Cúpula das Américas.
Bolsonaro
já havia minimizado o episódio e classificado como "aventura não
recomendada" a viagem dos dois pelo oeste do estado do Amazonas. Phillips
estava realizando uma cobertura jornalística e contava com o apoio de Pereira.