divulgação (Foto: Reprodução/Jovem Pan)
Moraes recua de decisão, e Lira fará nova eleição para vice-presidente
da Câmara
De acordo com o ato da Mesa Diretora,
só poderão concorrer ao cargo deputados filiados ao PL
O ministro Alexandre de Moraes,
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revogou nesta segunda-feira (23) uma
decisão anterior que autorizava os três deputados que mudaram de partido a
manterem os seus cargos na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Com a nova deliberação da Corte, o presidente da Casa, Arthur
Lira (PP-AL) determinou a realização de uma nova eleição para os cargos de
vice-presidente, segundo e terceiro secretários, ocupados, respectivamente,
pelos deputados Marcelo Ramos (AM), atualmente no PSD, mas que foi eleito pelo
PL; Marília Arraes, que trocou o PT pelo Solidariedade; e Rose Modesto, que
deixou o PSDB para se filiar ao União Brasil.
As urnas já foram instaladas no plenário da Câmara, e o pleito
deve ocorrer na quarta-feira (25). O caso mais emblemático envolve Marcelo
Ramos. Crítico ferrenho do governo Bolsonaro, o parlamentar do Amazonas deixou
o PL após a filiação do presidente da República, argumentando que passou a
sofrer perseguição interna após a entrada do mandatário.
O deputado conquistou uma liminar, concedida por Moraes, que
determinou que o presidente da Câmara se abstivesse de acatar qualquer
deliberação do PL que buscasse afastar Ramos da vice-presidência da Casa.
Na decisão desta segunda, o ministro recuou e revogou sua
própria decisão, sob o argumento de que a escolha dos cargos da Mesa Diretora é
um assunto interno da Câmara.
De acordo com o ato da Mesa Diretora, só poderão concorrer ao
cargo de vice-presidente da Casa deputados filiados ao PL. Na prática, a
decisão de Lira assegura uma vitória política a Bolsonaro, que terá mais um
aliado na cúpula da Casa.
"Quero dizer que respeito e cumpro a decisão do ministro
Alexandre de Moraes, que não julgou o mérito, mas a incompetência do TSE [para
definir cargos na Câmara). Eu sou um democrata e jurei [obediência] à
Constituição, defendo as decisões judiciais até quando discordo delas",
escreveu Marcelo Ramos em seu perfil no Twitter.
Também pela rede social, o deputado disse que não troca
"cargo por silêncio". "Não troco meu dever de defender 19
milhões de brasileiros, sendo 5 milhões de crianças, que passam fome, 12
milhões de brasileiros desempregados, por cargo. A vice-presidência da Câmara
não vale minha omissão aos ataques do Governo Federal à ZFM (Zona Franca de
Manaus)", disse em outra publicação.