divulgação (Foto: Reprodução / Folha de S.Paulo)
Declaração de Barroso divide o STF e militares avaliam interpelar
ministro após fala sobre Forças Armadas
Declaração seria importante para
conclamar as Forças Armadas a se aliarem ao Judiciário
Uma ala do Supremo Tribunal Federal (STF) está
preocupada com manifestações violentas depois das eleições de outubro caso o
presidente Jair Bolsonaro (PL) não seja reeleito. Isso porque Ministros da
Corte se dividiram após a declaração de Luís Roberto Barroso de que as Forças
Armadas seriam orientadas a atacar e a desacreditar o processo eleitoral.
A declaração de Barroso, portanto, seria
importante para conclamar as Forças Armadas a se aliarem ao Judiciário, uma vez
que para esses ministros, os militares teriam papel fundamental para defender o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as instituições.
Na semana passada, diante de uma plateia de
militares, Bolsonaro cumprimentou Barroso por ter convidado as Forças Armadas
para participar do processo eleitoral. No Judiciário, a fala foi recebida como
ironia, não como recuo.
No entanto, os militares avaliam interpelar
judicialmente o ministro do STF Luís Roberto Barroso para que ele preste
esclarecimentos sobre sua fala de que as Forças Armadas "estão sendo
orientadas" a atacar e desacreditar as eleições. Nos bastidores, militares
citam o artigo 219º do Código Penal Militar, que trata como crime o ato de
"propalar fatos, que sabe inverídicos, capazes de ofender a dignidade ou
abalar o crédito das Forças Armadas".
Na prática, teriam duas formas jurídicas, uma com
o próprio Ministério da Defesa acionando Barroso por meio da AGU ou a
interpelação a partir do Ministério Público Militar. Até agora, a reação
pública do Ministério da Defesa a Barroso veio apenas por meio de uma nota
divulgada na noite de domingo (24), na qual a pasta diz que a declaração do
ministro do STF foi uma "ofensa grave".