divulgação (Foto: Reprodução)
Ministra do STM
defende divulgação de áudios da ditadura para erros não se repetirem no país
A ministra Maria Elizabeth Rocha, do Superior
Tribunal Militar (STM), defendeu a divulgação de áudios que detalham tortura na
ditadura militar para que "erros que foram cometidos não se repitam"
na História do Brasil. "Importante serem revelados esses áudios porque
tudo faz parte da história do país, memória do país -- e para que erros
não se repitam”, declarou a ministra, em entrevista à jornalista Andrea Sadi.
As gravações de sessões do STM, de julgamentos durante a ditadura, foram
reveladas pela jornalista Miriam Leitão, no jornal O Globo. Desde 2018, esses
áudios estão sendo analisados pelo historiador Carlos Fico. O historiador
explica que, em 2006, o advogado Fernando Fernandes pediu ao STM acesso
às gravações, mas não conseguiu. Ele, então, acionou o Supremo Tribunal Federal
(STF), que determinou a liberação.
O STM, porém, não obedeceu a decisão e, em 2011, a ministra Cármen Lúcia
determinou o acesso irrestrito aos autos, decisão posteriormente referendada
pelo plenário.Nesta segunda-feira (18), o vice-presidente, Hamilton Mourão,
teria ironizado a possível investigação dos áudios. "Apurar o quê? Os
caras já morreram tudo, pô. [risos]. Vai trazer os caras do túmulo de
volta?"
A ministra Maria Elizabeth disse que qualquer apuração depende,
primeiro, da ação da Polícia Judiciária e do Ministério Público Militar -- o
que nunca ocorreu. Ela também teria feito o que chamou de "defesa
institucional" do STM. Para ela, "do jeito que está sendo
colocado", "parece que o STM não sabia das torturas" e não se
"insurgiu contra as sevícias (barbaridades)".
"As torturas aconteceram e o STM reconheceu isso, inclusive, em
documento, num acórdão unânime de um caso em 1977 (...) Agora, não julgou pois
nunca houve - pelo menos eu não tenho conhecimento - de uma ação do Ministério
Público Militar. O STM não podia julgar sem ação penal. E todo mundo sabe que o
Judiciário só pode se pronunciar sob provocação”, frisou.
Ainda na avaliação da ministra, o Judiciário falhou na ditadura militar;
mas a ditadura provocou desgastes para as Forças Armadas como um todo, assim
como fez para a imagem do STM.