divulgação (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
STF adia decisão sobre a política ambiental para Amazônia
Sessão foi suspensa por pedido de vista do ministro André Mendonça
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O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou hoje
(6) a conclusão do julgamento sobre a constitucionalidade de medidas tomadas
pelo governo federal na área ambiental. A sessão foi suspensa por um pedido de
vista do ministro André Mendonça, indicado ao STF no ano passado pelo
presidente Jair Bolsonaro. Não há data para a retomada do julgamento.
A
Corte começou a julgar na semana passada duas ações. Na primeira, sete partidos
(PSB, Rede, PDT, PV, PT, PCdoB e PSOL) pedem que o Plano de Ação para Prevenção
e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm) seja executado de forma efetiva
pelas autoridades ambientais.
A
segunda ação, protocolada pela Rede, pede o reconhecimento da omissão do
governo em coibir o desmatamento na região e a imposição de medidas judiciais
de combate aos crimes ambientais.
Até
o momento, somente a relatora, ministra Cármen Lúcia, se manifestou. Em um voto
que durou duas sessões, a ministra declarou o chamado estado de coisas
inconstitucional em matéria ambiental, ou seja, reconheceu que medidas tomadas
pelo governo federal em relação à matéria são inconstitucionais e justificam a
intervenção do Judiciário.
A
ministra determinou que o governo federal formule, em 60 dias, um plano de
execução efetivo de combate a crimes ambientais e de diminuição do desmatamento
ilegal em terras indígenas e unidades de conservação na Amazônia Legal.
Voto -
Ao completar sua manifestação na sessão de hoje, Cármen Lúcia citou dados
oficiais para justificar a afirmação de que há proteção deficiente do meio
ambiente.
Segundo
a ministra, as informações mostram falta de pessoal na estrutura do Ibama e de
execução orçamentária, diminuição de servidores que atuam na fiscalização, além
do aumento de queimadas ilegais e o descumprimento do plano contra o
desmatamento da região.
"Os
dados de crescente desmatamento da Amazônia sinalizam que há um abandono do
PPCDAm, importando em redução dos níveis de proteção ambiental, o que não é
constitucionalmente aceitável", afirmou.
Faltam
os votos de dez ministros.
AGU -
No dia 30 de março, no primeiro dia de julgamento, o advogado-geral da União,
Bruno Bianco, defendeu a rejeição das ações e argumentou que não houve
descontinuidade das medidas de proteção ao meio ambiente. Bianco argumentou que
a preservação da Amazônia e o combate ao desmatamento ilegal são desafios que
não têm solução fácil.
O
advogado-geral da União citou ações do governo federal na área, como a primeira
fase da Operação Guardiôes do Bioma, que resultou no combate a 16 mil focos de
incêndio, identificação de 6,7 mil crimes ambientais e cerca de 1,5 mil multas
aplicadas.
“Fica
muito claro que as impugnações expostas pelos partidos políticos requerentes
traduzem pretensões de intervenções diretas e rearranjo na atuação do Poder
Executivo, já que não há qualquer omissão, inconstitucionalidade ou afronta a
qualquer preceito fundamental, conforme demonstrado", afirmou a ministra.