divulgação (Foto: Reprodução/ Multishow)
TSE não censura
Lollapalooza por atos contra Bolsonaro por informações erradas em ação
Impera na Justiça do Trabalho um
jargão muito ouvido por advogados e trabalhadores: “Ganhou, mas não levou”. A
mesma frase pode ser aplicada à decisão vitoriosa do governo Jair Bolsonaro
perante à Justiça Eleitoral. A decisão do ministro Raul Araújo, do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), de impedir que artistas fizessem manifestação
política durante o festival Lollapalooza, foi inócua, mas por um erro dos
próprios autores do pedido liminar.
A advogada representante do PL, partido de Jair
Bolsonaro, que entrou com a ação, errou o e-mail e o CNPJ do Lollapalooza.
Segundo os documentos do despacho, o TSE intimou uma empresa que não existe
desde 2018 em decorrência do erro. Na internet, surgiram memes sugerindo que a
representante da sigla fez uma busca rápida entre o nome do festival e o CNPJ
no Google.
Nos registros do site do TSE, Daniel
Vasconcelos Borges Netto, da Coordenadoria de Processamento, informa que uma
das empresas não informou endereço de correspondência e o e-mail informado era
inexistente. Já a razão social do Lollapalooza só informou endereço de correspondência,
Desta forma, seria inútil a intimação, já que o festival encerrou neste domingo
(27).
Segundo a oficial de Justiça Patrícia
Scheifer, que tentou notificar a empresa nesta tarde em São Paulo, ela foi
recebida pela advogada representante, Fernanda Sanches Pinheiro Soares, e que
esta informou desconhecer o nome e o CNPJ da empresa informados na decisão.
E o “tiro acabou saindo pela culatra”, já que a
decisão era para impedir manifestações políticas, diversos artistas subiram ao
palco do festival se manifestando contra o atual governo Bolsonaro. Logo que
soube da decisão, a cantora Anitta repudiou a liminar e se prontificou a ajudar
artistas a pagar a multa de R$ 50 mil, caso a multa vingasse. O movimento “Cala
a boca já morreu”, liderado pelo youtuber Felipe Neto, também declarou que
ajudaria artistas a pagarem a multa. A banda Fresno, a primeira a se apresentar
no festival, declarou “fora Bolsonaro” no palco e exibiu a frase no telão
durante o show. Já o rapper Djonga incentivou a plateia a xingar o presidente.
Mais cedo, juristas criticaram a
decisão do ministro Raul Araújo, por ser uma censura e ferir a liberdade de
expressão, já que é permitido a populares fazerem manifestações políticas em
eventos, desde que não peçam votos. O ministro é conhecido por negar a retirada
de outdoors pró-Bolsonaro em diversas cidades do país.