divulgação (Foto: Reprodução/Veja)
Ministra Rosa Weber libera pagamento de emendas do 'orçamento secreto'
Autorizada pelo STF, a retomada terá
que seguir novas regras de transparência aprovadas pelo Congresso
A ministra do Supremo Tribunal
Federal (STF), Rosa Weber, liberou, nesta segunda-feira (6), a retomada da
execução orçamentária das emendas de relator, conhecidas como "orçamento
secreto".
Na decisão, a magistrada diz que devem ser observadas as regras
do ato conjunto aprovado pelo Congresso Nacional na última semana para dar
transparência às emendas.
O "orçamento secreto" é como ficaram conhecidas as
emendas parlamentares pagas na modalidade "emendas de relator". Ao
contrário das emendas individuais, que seguem critérios bem específicos e são
divididas de forma equilibrada entre todos os parlamentares, as emendas de
relator não seguiam critérios usuais e beneficiam somente alguns parlamentares.
Em novembro, a ministra atendeu a um pedido de partidos da oposição
e determinou a suspensão do pagamento dessas emendas. Na mesma decisão, pediu a
adoção de total transparência e publicidade nessas movimentações financeiras. A
decisão individual de Rosa Weber foi confirmada pelo Pleno do STF, por 8 votos
a 2.
No pedido de desbloqueio feito ao STF - e citado pela ministra
no despacho -, os presidentes da Câmara e do Senado argumentam que a suspensão
das emendas representava "potencial risco à continuidade dos serviços
públicos essenciais à população, especialmente nas áreas voltadas à saúde e
educação".
Em resposta, a ministra escreve que "a necessidade de
proteger a continuidade dos serviços públicos prestados à comunidade em geral -
como via permanente de acesso das pessoas aos seus direitos básicos e às
condições de existência digna - tem orientado a jurisprudência desta Suprema
Corte".
O Congresso informou ao STF que, dos R$ 16,8 bilhões inscritos
nas emendas de relator para 2021, R$ 3,8 bilhões (22,61%) já foram liquidados e
R$ 9,2 bilhões (54,76%) estão empenhados (com promessa de pagamento).
A nova decisão de Rosa Weber será julgada pelo plenário virtual
do STF, mas ainda não há data marcada para essa análise.
Novas
regras
A partir da determinação inicial da ministra Rosa Weber, o
Congresso aprovou na última semana mudanças nas regras do chamado
"orçamento secreto".
Técnicos legislativos e parlamentares da oposição, no entanto,
consideram que o novo texto mantém a falta de transparência porque mantém em
sigilo os nomes dos senadores e deputados que indicaram emendas em 2020 e neste
ano.
O texto aprovado estabelece um limite para as emendas do
relator, que não poderão ultrapassar a soma das emendas individuais e de
bancada. Hoje, não existe um valor máximo.
A partir de 2022, os nomes dos autores das indicações serão
publicados no site da Comissão Mista de Orçamento. Além de parlamentares,
agentes públicos e a sociedade civil também poderão fazer solicitações para o
uso do dinheiro, o que, segundo técnicos legislativos, abre uma brecha para que
o nome do deputado ou senador continue oculto.
Um parlamentar pode negociar emendas e pedir para que um
prefeito, por exemplo, faça o pedido diretamente ao Congresso. Assim, o nome
divulgado não seria o dele, mas o do gestor.