divulgação (Foto: Reprodução)
Em audiência, ‘gatinha da Cracolândia’ nega ter
delatado esconderijo de drogas
No local, investigadores apreenderam
uma mochila com 85 porções de maconha, 295 de cocaína e oito de crack
A Justiça de São Paulo realizou na tarde desta
sexta-feira (19) a primeira audiência de Lorraine Cutier Bauer Romeiro,
conhecida como “gatinha da Cracolândia”. A mulher é acusada pelo crime de
tráfico de drogas. Ela está presa desde o dia 22 de julho. Segundo a polícia,
ao ser detida, Lorraine indicou um prédio invadido na rua Helvétia, no bairro
Santa Cecília, região central de São Paulo, como um ponto em que havia drogas.
No local, investigadores apreenderam uma mochila com 85 porções de maconha, 295
de cocaína e oito de crack.
Ainda foram localizados 97 frascos de lança-perfume
e 16 comprimidos de ecstasy. Além dos entorpecentes, a polícia achou R$ 750 em
dinheiro, uma balança de precisão, uma faca, um machado e um celular. Segundo a
advogada Patricia Carvalho, que atua na defesa da presa, Lorraine negou durante
a audiência ter indicado o local onde as drogas foram encontradas. Ela também
negou que os entorpecentes apreendidos fossem dela. A audiência, que ocorreu de
forma remota, teve início por volta das 13h30 e terminou pouco após às 16h.
Lorraine foi presa
em julho, na casa de seu companheiro em Barueri (Grande São Paulo), sob a
suspeita de manter uma barraca na qual venderia drogas, segundo a polícia, na
região conhecida como cracolândia, no centro da capital paulista. As
investigações da 1ª Delegacia Seccional do centro de São Paulo apontam que
Lorraine conseguia faturar cerca de R$ 500 mil vendendo drogas na chamada
“feira da droga”, realizada na região que concentra usuários de entorpecentes,
como crack.
Como o processo está em segredo de Justiça, o que
impossibilita o Tribunal de Justiça e o Ministério Público de fornecerem
informações, a defesa da presa alegou que, durante a audiência, foram ouvidas
três testemunhas da acusação, além do depoimento de Lorraine, o qual foi o
último do dia. “Para este processo específico, não houve confissão. Minha
cliente contou que jamais indicou o lugar onde as drogas foram localizadas”,
disse Patricia.
Além deste processo, Lorraine também responde a um
outro caso de tráfico de drogas, o qual também corre sob sigilo. Lorraine
Cutier Bauer Romeiro, segundo policiais, era arrendatária de uma barraca de
drogas e que para manter o espaço pagava de R$ 3 mil a R$ 5 mil por semana à
facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo a investigação. “Os
traficantes da região compravam tijolos de crack, chamados de ‘rapadura’, por
valores entre R$ 20 mil e R$ 25 mil, e vendiam a peça inteira em três dias,
lucrando entre R$ 45 mil e R$ 50 mil”, afirmou o delegado Roberto Monteiro,
titular da 1ª Delegacia Secional do Centro, à época da prisão de Lorraine.
O policial disse ainda que
agentes do 77º DP (Santa Cecília) se infiltraram por cerca de seis meses no
fluxo de usuários de drogas da cracolândia e constataram que havia logística e
hierarquia na comercialização de entorpecentes na região, principalmente crack.
Além de Lorraine, uma mulher de 51 anos, chamada de “Abelha Rainha”, foi detida
no último dia 24, no centro de São Paulo, suspeita de fornecer drogas e também
comercializá-las na cracolândia.
O apelido da mulher é uma
referência à metáfora de uma colmeia de abelhas, usada por dependentes da
região para ilustrar quando usuários se confrontaram com agentes de segurança
para proteger a “feira da droga” que acontece na cracolândia. A mulher é uma
pessoa que, segundo a polícia, impõe respeito e também garante a “disciplina”
na região.